PIMCO admite “desintegração da zona euro”
A Europa está debaixo de fogo. A maior gestora de títulos do mundo, a Pimco, prevê um futuro incerto para o clube do Euro e alerta para cinco forças disruptivas que podem enfraquecer ainda mais a coesão da UE.
Com o título “A desintegração da zona euro, cada vez mais próxima”, a PIMCO aponta os riscos da desaceleração da economia chinesa e das crescentes tensões comerciais com os Estados Unidos, o populismo, o atraso tecnológico face à China e aos EUA, uma política de taxas de juro negativas e uma população cada vez mais envelhecida como factores particularmente prejudiciais para a economia da Zona Euro e, sobretudo, para a Alemanha, nos próximos cinco anos.
“Com altos níveis de dívida pública e privada, um rápido envelhecimento da população e evidências de que as expectativas de inflação estão ancoradas em níveis muito deprimidos, acreditamos que a economia europeia pode estar sujeita a uma ‘japonização’, isto é, um estado de estagnação a longo prazo. Além disso, a fragilidade económica e um sentimento de unidade que goza de pouco entusiasmo sugerem que a união monetária poderá estar mais vulnerável a distúrbios que outras áreas económicas “, salienta Nicola Ma, especialista da Pimco.
Para o responsável, a união monetária permanece instável, dada a inflação estruturalmente baixa, os grandes desequilíbrios entre os países, o ritmo diferente dos ciclos económicos de cada estado, a falta de compromisso com uma maior convergência entre os países e a falta de vontade de se comprometerem com uma maior integração fiscal e política.
“O BCE tem sido a cola que tem mantido a união entre Estados-Membros, com as taxas de juros em níveis negativos e medidas não convencionais, como operações de refinanciamento de longo prazo e medidas quantitativas.Mas tendo sido implementadas com força, as balas no arsenal monetário começam a ser escassas “, sublinha o especialista.
Acrescenta que “outras políticas, principalmente a política fiscal, seriam necessárias para impulsionar o crescimento. No entanto, a probabilidade de a zona do euro participar de um alivio fiscal significativo parece relativamente baixa, uma vez que os países mais capazes de fazê-lo (Alemanha e Holanda) tendem a ser os menos dispostos, enquanto os mais dispostos (como a Itália) são os que têm menos margem ”
Em geral, com um défice orçamental médio de -0,5% do PIB e uma dívida pública de 87% do PIB, os parâmetros fiscais da zona do euro parecem relativamente saudáveis em comparação com outras economias importantes. Mas as finanças públicas da zona do euro são da responsabilidade de cada país, e o aumento do populismo e do nacionalismo enfraquece as hipóteses de maior integração fiscal e política no futuro.
“Em geral, a falta de ferramentas políticas anti-cíclicas eficazes e coesão política tornam a união monetária vulnerável na próxima recessão económica”, diz Nicola Mai.
E conclui: «a esperança para um casamento arranjado é que as pessoas se apaixonem. E a esperança há 20 anos era que a união monetária viesse fomentar a integração fiscal e política. Mas, até agora, o projecto europeu não deu o que muitos esperavam».