Motor de reinvenção

São 500 anos de história, nos quais os ctt têm vindo continuamente a apostar na inovação. Inovação essa, que tem permitido diversificar as linhas de actuação e criar novas oportunidades de negócio

Os CTT fazem parte da vida dos portugueses há quase cinco séculos, e esse facto ilustra bem o ADN de proximidade e inovação da empresa. «Proximidade porque estamos presentes em todo o território nacional, percorrendo todas as ruas e batendo à porta de todas as casas. Temos hoje mais de 2800 pontos de atendimento, divididos entre Lojas CTT e Postos de Correios, em parceria com comércio local ou juntas de freguesia, valor que cresceu em 66 pontos desde 2014.

E a inovação é outra das componentes fundamentais do ADN e que permite à marca estar em actividade desde 1520. Só é possível atingir esta marca histórica com uma cultura de adaptação permanente à mudança, que foi o que fizemos no passado e é o que estamos a fazer novamente neste momento, com muita determinação», explica Nuno Matos, director de Inovação e Digital. Os CTT têm hoje uma abordagem descentralizada, mas estruturada à inovação, com uma área que tem o objectivo de gerir a inovação mas não de a gerar, sendo essa responsabilidade de todas as equipas dos CTT.

A área dedicada à Inovação e Desenvolvimento de Negócio tem assim a responsabilidade de promover uma cultura de inovação interna forte, apoiar as diferentes áreas dos CTT nas suas iniciativas de inovação e gerir a framework da inovação. Na vertente de impacto de curto prazo, esta equipa gere uma plataforma colaborativa de geração de ideias para ajudar na resolução de desafios concretos lançados pelas várias áreas da empresa (INOV+), acessível a todos os colaboradores.

Quando falamos no médio prazo, existe uma frente de projectos de desenvolvimento de negócio, com uma equipa que trabalha com diferentes áreas da empresa com o objectivo de potenciar a criação de valor para a organização. Mais de longo prazo existe uma frente de inovação exploratória, que é um radar de tendências que tencionam impactar a empresa a cinco anos. Os CTT têm também uma área transversal de fomento de I&D, na exploração de linhas de financiamento direccionadas à temática da Inovação.

CULTURA DE INOVAÇÃO

Os CTT celebram 500 anos de actividade em 2020 e não seria possível fazê-lo sem uma capacidade contínua de transformação e adaptação às mudanças, que foram muitas e com impacto profundo na actividade de correio de então. Esta capacidade de inovar tem estado presente ao longo da história dos CTT. «Sendo que, neste momento, atravessamos um novo período de forte mudança, tão profunda como as anteriores, mas bastante mais rápida, o que trará desafios, mas também a oportunidade de mudar e inovar», partilha.

Neste contexto de uma nova revolução industrial, com a fusão rápida do mundo físico e digital através de tecnologias como a Internet das Coisas, o Big Data, a Inteligência Artificial, a Robótica e o Machine Learning (entre outras), a Inovação assume um papel fundamental e muito concreto para os CTT enquanto motor para capturar as oportunidades que estas tecnologias trazem. «O empreendedorismo em particular é um tema que trabalhamos com muito interesse e pragmatismo, olhando para as startups como parceiros ideais para acelerar iniciativas de inovação.

Temos hoje um programa que chamámos de CTT 1520 Startup Program, em honra ao ano de nascimento daquela que gostamos de chamar a primeira startup nacional, e mais de 20 projectos em curso com startups, entre pilotos e projectos que já estão em produção, nas mais diversas áreas do grupo», detalha Nuno Matos.

ESTRATÉGIA

Actualmente a Inovação e o Desenvolvimento nos CTT passa cada vez mais pela gestão do negócio em termos digitais, pelo que é uma componente que se passou também a incorporar na área de Inovação. «Na prática, passou-se a gerir a concepção de novos produtos ou serviços digitais, fazendo-se também a gestão dos actuais canais digitais nos CTT, numa óptica de garantir uma experiência digital coerente, consistente e simples para os clientes», explica-nos o director de Inovação e Digital.

Ao longo destes 500 anos a reinvenção foi contínua e motivada por muitas revoluções da economia e da sociedade. «Desde o início deste século que vivemos mais uma disrupção, a da digitalização, que alterou profundamente os paradigmas de consumo de comunicações, tanto de consumidores finais como de empresas, resultando numa contínua queda do tráfego tradicional de correio.

Esta queda de volumes é uma tendência imparável e que nos motiva a diversificar as nossas linhas de actuação e criar novas oportunidades de negócio. Para aprofundar este contexto de mudança, desde 2001, o ano em que se atingiu o pico de correio em Portugal, que o tráfego de correio tem caído de forma consistente, sendo que hoje temos menos de metade do volume de correio a circular nas nossas redes», confirma.

Tendo sido o correio o negócio core dos CTT durante a sua história e tendo um peso muito significativo ainda no negócio do grupo, surge a necessidade e a convicção de que a diversificação de portefólio de negócios dos CTT é fundamental para a sustentabilidade da empresa. Neste objectivo de diversificação os CTT têm duas grandes apostas de crescimento, potenciadas também pela mesma digitalização, que sendo um desafio, é simultaneamente uma oportunidade.

Uma das alavancas de crescimento passa pelo negócio do Expresso e Encomendas, liderando o ecossistema de comércio electrónico em Portugal, o que leva a desenvolver cada vez mais soluções convenientes e flexíveis para os clientes, assentes em tecnologia e na experiência digital, que querem que seja cada vez mais integrada e que permita fazer a ponte com o mundo físico.

A outra forte aposta está na área dos serviços financeiros, corporizada com a criação do Banco CTT em 2016 e que tem conseguido fazer um caminho que orgulha a empresa, com mais de 300 mil clientes e uma penetração muito elevada (e acima do mercado) nas camadas mais jovens da população, também pela aposta que foi feita nos canais digitais. Os CTT têm vindo a lançar nos últimos anos vários produtos e serviços inovadores e de ângulo digital, isto para além de que têm vindo a optimizar e rever as operações e processos de forma a serem mais eficientes e a proporcionar um melhor serviço ao cliente.

Na frente operacional, os CTT anunciaram recentemente um investimento de 40 milhões de euros na modernização da operação postal e logística, com a modernização do parque de máquinas, a expansão da capacidade de encomendas, a criação de centros logísticos multiproduto, a remodelação e ampliação dos centros distribuição e Renovação e electrificação da frota, sendo que já hoje os CTT têm a maior frota eléctrica do País. Também a Automação, a Robótica e os Veículos Autónomos têm sido apostas crescentes nas operações dos CTT.

Neste âmbito das Operações, têm já trabalhado com algumas startups, como por exemplo a UOU Mobility – que desenvolveu, em conjunto com os CTT, o VEDUR um veículo 100% eléctrico para a distribuição urbana de correio e encomendas – ou a GrounDrone que fornece uma solução de veículos autónomos de pequeno porte que alimentam as máquinas de tratamentos de pacotes. Para o ano, os CTT tencionam garantir o sucesso das iniciativas de inovação lançadas no passado recente e continuar a evoluir no processo de digitalização da oferta e da experiência dos clientes.

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