AESE Business School: Formar e dar competências
Muitas das iniciativas que mudam o mundo têm em comum o facto de terem tido na sua origem um conjunto de pessoas com coragem para implementar uma nova visão. Mas uma nova visão não basta, é preciso ambição e tenacidade para se conseguir fazer o que ainda ninguém fez, porque inevitavelmente levantam-se muitos obstáculos que é preciso ultrapassar. «Com a AESE não foi diferente. Em 1980, um conjunto de empresários quis criar a primeira escola de negócios de Portugal, com programas para Altos Dirigentes de Empresas que fossem transformadores, exigentes e humanistas. Felizmente conseguiram, e esse património distintivo mantém-se até hoje», diz João Valentim, Executive Education manager da AESE Business School.
«Neste momento, as empresas parecem estar a atravessar uma tempestade incerta. E como sabemos, não basta ter um navio forte para atravessar uma tempestade. É preciso ter a tripulação preparada e motivada para desempenhar as suas funções com eficácia, mas ao mesmo tempo com flexibilidade para criar novas rotinas. Uma tripulação com escassez de pessoas vai estar sobrecarregada e desmotivada para servir os seus passageiros, os clientes. É assim necessário recrutar e atrair novos tripulantes para o navio. E para isso importa que a remuneração seja boa e que o navio tenha uma missão apaixonante; mas também isso não é suficiente. Cada pessoa tem de sentir que aquele navio lhe vai dar as ferramentas, formação e competências para poder crescer enquanto pessoa e profissional. Nesse sentido, formar e dar competências é essencial para atrair o talento certo para cada empresa», sublinha João Valentim.
DESAFIOS
Para o responsável, se as empresas são navios, as escolas são as docas onde os navios atracam para abastecer e planear a próxima viagem. Têm uma ligação imprescindível. «A razão de ser do navio é levar os passageiros e mercadoria ao destino, vencendo as tempestades do caminho. Um navio que está sempre a navegar e não atraca para reabastecer, recuperar energias e fazer manutenção, não irá longe.»
Ou seja, a razão de ser da doca é receber os navios com os melhores mantimentos e criar as condições para o navio reparar o que precisa e planear uma boa estratégia de futuro. Mas a doca também conhece as aprendizagens de outros navios e tripulações, as mais recentes correntes e as lições intemporais que se aprendem na navegação.
«Perante novas correntes no mar e novas tempestades – os novos desafios da gestão –, é essencial trabalharem juntos para inspirar novas estratégias, actualizarem recursos e mobilizarem as pessoas. É esse o papel conjunto dos navios e docas, das empresas e escolas. Sabendo sempre que a estadia é temporária e que um navio não é feito para estar na doca. É feito para navegar », reforça João Valentim.
Para uma escola de negócios se manter equilibrada num contexto em transformação tem de actualizar as suas abordagens e programas, mantendo ao mesmo tempo a confiança na experiência acumulada e nos seus factores diferenciadores. É por isso um equilíbrio permanente, que tal como em qualquer área da vida só se consegue em movimento.
«Esse movimento não é apenas trazido pelas empresas ou pela economia. É fruto da contribuição activa dos professores e participantes que em conjunto criam um laboratório de melhores práticas, casos e experiências. Esse movimento de permanente inovação e debate é o que garante o verdadeiro equilíbrio. Isto é, manter o que resulta, inovar o que deve ser melhorado, mantendo o foco no bem dos participantes, das suas carreiras e vidas», sublinha o responsável.
FUTURO
«Quando se ouvem as histórias, experiências e práticas de muitas pessoas e empresas, percebe-se que há diferentes aspectos para navegar com sucesso no mundo das organizações», realça João Valentim. Não basta dominar as operações, o marketing, a estratégia, as finanças ou as vendas. É necessário fazê-lo valorizando as pessoas, as suas necessidades e respondendo às suas ambições.
«Acompanhamos por isso com muita atenção os temas do futuro do trabalho, o papel da tecnologia, as novas formas de trabalhar e o envolvimento das novas gerações. São temas fascinantes, que integram os vários programas através de case studies muito recentes, sobre os quais a escola já publicou um livro, e onde diariamente nos apercebemos das pistas do que está a acontecer e das oportunidades que se levantam. Se as pessoas são centrais para o sucesso de qualquer negócio, como não aprofundar o que as motiva, impacta e transforma?»
Há momentos na nossa vida em que sentimos que nos falta algo para dar um salto no nosso percurso profissional. Muitas vezes, esse salto é garantido através de um programa de formação, porque abre horizontes, cria novas amizades e dá ferramentas de Gestão e Liderança para assumirmos novas responsabilidades e desafios. Da mesma forma, também na vida das empresas há momentos em que é necessário dar um “salto”. Nesses momentos, o “salto” pode ser feito com programas que sejam transformadores, à medida dos desafios de cada organização e que inspirem a mudança necessária.
«Actualmente, as empresas enfrentam tantos desafios novos que naturalmente procuram cada vez mais programas que lhes abram a possibilidade de crescer e ter um futuro mais sustentável. Programas que alinhem as equipas, aprofundem oportunidades estratégicas e motivem para melhores resultados», explica o responsável.
ESTRATÉGIA
Tal como não há duas pessoas iguais, também não há duas organizações iguais, nem dois desafios iguais, o que torna tudo mais interessante. Há empresas que aproveitam o pós-pandemia para fazer planeamento de cenários estratégicos ao nível da administração, tendo em conta novas tendências e mudanças de contexto. Outras empresas precisam de transformar a sua cultura, para que seja mais ágil, inovadora e flexível. Várias organizações têm procurado levar a cabo uma estratégia omnicanal, para servirem os clientes através de canais físicos e digitais.
Todos estes desafios implicam sempre por um lado um aprofundamento de temas específicos, mas também a transformação e alinhamento das pessoas, equipas e liderança, porque mesmo as melhores ideias e estratégias sem as pessoas mobilizadas, de pouco servem.
«Não basta apenas abordar com seriedade os temas, mas repensar a forma de o fazer, por isso desenhamos experiências fora do campus, visitas a empresas e passeios inspiradores. Tudo para criar experiências que ajudem a transformar a forma de trabalhar, a reforçar coesão de equipas e a motivação para enfrentar novos desafios. É por isso que procuramos começar com a Alta Direcção – sabendo que o exemplo vem “de cima” – e mantendo um olhar humanista que põe a pessoa no centro de todas as preocupações. Acreditando que cada pessoa é capaz de mudar, melhorar e contribuir para uma causa maior, estas formações customizadas tornam-se uma oportunidade única de levar diferentes organizações a darem o salto que tanto ambicionam», conclui João Valentim.
A CERTEZA DA INCERTEZA
Por Miguel Guerreiro, Professor de Operações, Tecnologia e Inovação da AESE Business School
Nada pode ser dado como garantido, seja por evolução ou simplesmente por mudança, já para não falar em regressão ou pura destruição. Sem entrar pelo clima de incerteza gerado pela pandemia que, ainda, atravessamos, nem pelas tensões geopolíticas na Europa e no Extremo Oriente, é inegável que o mundo tem estado em convulsões e em crises sucessivas desde o início do século XXI – só para retratar a História mais recente.
Entretanto, o ritmo de vida que temos tem vindo a acelerar a forma como ultrapassamos as dificuldades. Esse mesmo ritmo leva-nos a sentir novas necessidades que, no passado, não sentíamos. Pelo menos, não sentíamos de forma tão forte ou tão rápida, parecendo que estamos sempre atrasados ou a perseguir os problemas, não os antecipando nem evitando o seu surgimento.
Estas novas necessidades concentram-se, acima de tudo, na obtenção de capacidade de dar resposta às solicitações da vida quotidiana, sejam elas de carácter pessoal ou profissional. Sendo assim, e tendo em conta o ritmo das mudanças, a velocidade a que tudo acontece, devemos, cada vez mais, prepararmo-nos da melhor forma possível para darmos resposta às já referidas solicitações.
Aqui entra, claramente, o papel da formação, em geral, e o da Formação para Executivos, em particular. A necessidade de formação não é de hoje, mas as actuais circunstâncias impõem uma mudança na abordagem: se, no passado, a formação passava por uma perspectiva de capacitação para a operação do dia-a-dia, hoje já não é assim.
Por isso, a aposta na formação deverá ser na antecipação das necessidades de capacitação do futuro – será dada hoje, a pensar na competitividade da pessoa e da organização amanhã.
A cibersegurança, a sustentabilidade (tanto na sua forma geral, como nas várias áreas específicas), as ciências de dados e o desenvolvimento da Inteligência Artificial, entre outras temáticas, representam áreas de formação para uma abordagem pragmática à actual volatilidade dos mercados.
Mas mesmo estas áreas necessitam do acompanhamento de estudos em questões mais soft, e no desenvolvimento de capacidades de liderança que gerem empatia, que façam as pessoas sentirem-se apoiadas na sua actividade, dando mais de si e agindo de forma pró-activa.
Estas novas capacidades deverão, também, agir contra um clima de stress nas organizações, criando locais de trabalho mais agradáveis e envolventes, onde todos se podem concentrar no que realmente interessa, no seu desempenho enquanto profissionais e pessoas.
Entendo isto devido à mudança de atitude das novas gerações (temos as gerações com as maiores habilitações de sempre), que não procuram um emprego para a vida. Procuram envolver-se em projectos que os motivem e que lhes permitam mobilidade, tanto geográfica como sectorial, e em locais que lhes sejam amistosos – mesmo quando em trabalho virtual ou remoto.
Perante isto, as escolas de negócios deverão ser capazes de criar e desenhar programas de Formação para Executivos que incluam estas temáticas, com a flexibilidade que acomode outras áreas que venham a ser relevantes para o futuro.
Importante, também, será uma maior incidência nos modelos virtual e híbrido de Formação para Executivos, pois permitem que pessoas de áreas geográficas distintas possam participar nestes Programas.
Assim, urge a estas escolas conceber estes novos programas, adequando-os à realidade dos executivos de amanhã, de modo a mitigar os efeitos das incertezas, transformando- as em novas certezas.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “MBA, Pós-Graduações & Formação de Executivos”, publicado na edição de Setembro (n.º 198) da Executive Digest.