Bruxelas alerta: Empresas de semicondutores têm poder de desencadear ‘guerra’ entre governos

Numa altura em que a crise dos semicondutores assola o mundo, o setor tem “o poder de colocar os governos uns contra os outros”. O alerta foi dado pela Comissária Europeia para a Concorrência, Margrethe Vestager.

O ‘braço direito’ de Ursula Von der Leyen reconhece que este poder “é tentador para o setor”, mas que com ele “os contribuintes serão os que vão acabar por pagar a fatura, sem receber muito pela despesa que tiveram”.

Vestager avisou, no entanto, que a UE precisa de investir urgentemente 330 mil milhões de euros na indústria dos chips, trabalhando por uma oferta diversificada, não tão dependente da China e um controlo mais exímio sobre as importações deste material.

Estas palavras surgem depois de a Intel ter anunciado que está procura de apoio europeu, para procurar instalar mais capacidade de produção de chips no bloco.

O CEO da Intel, Pat Gelsinger, alertou no fim de outubro para a possibilidade de a atual escassez global de chips se estender pelo menos até 2023.

“Estamos no pior momento; a cada trimestre do próximo ano, ficaremos cada vez melhores, mas não haverá equilíbrio entre oferta e procura até 2023”, disse Gelsinger, numa entrevista concedida à ‘CNBC’.

A empresa anunciou uma quebra de 2% na receita do Client Computing Group que fabrica os seus chips para desktops e laptops, a par de uma queda de 5% nas vendas de notebooks que justifica com as “restrições do ecossistema de notebooks”, dado que as empresas de laptop não têm peças suficientes para todos.

Noutros relatórios, analistas mencionam a escassez de componentes como um fator-chave na desaceleração recente das vendas de laptops.

Parte do problema nem sempre é a escassez de chips especificamente, mas sim combinações de peças, de acordo com o Gelsinger.

Contudo, parte dessa quebra foi compensada pelo crescimento em PCs desktop, um segmente em que a Intel gerou receitas de 20%, apesar de não ter sido o suficiente para compensar a queda nas vendas de notebooks.

A Intel registou um aumento de 5% da sua receita total ano a ano para 15,55 mil milhões de euros, apesar da quebra das vendas de laptos, impulsionada pelo crescimento nos seus centros de dados, “internet das coisas”e grupos Mobileye.