Crise dos contentores começa a abrandar, revela indicador

Desde janeiro, o preço das matérias-primas aumentou 33%, de acordo com o índice de ‘commodities’ da Bloomberg, batendo um novo recorde, que já não era visto desde 2015.

No que toca aos contentores, em situação de escassez há alguns meses, o índice Harpex, revela que este mercado registou uma valorização de 800% desde junho do ano passado.

Outro indicador importante no mercado dos contentores, é o Índice de Fretes, elaborado pela bolsa de Xangai, uma região por onde passam as 15 maiores rotas do mundo.

Este índice aponta para um aumento de 65%, desde o início do ano, com os fretes a bater em novos máximos históricos.

Paralelamente, o Baltic Dry Index (BDI), um indicador diário que mede a evolução do custo médio do transporte marítimo- responsável por entregar 95% das ‘commodites’ sólidas – disparou 250%, passando dos 1.357 pontos, contabilizados no dia 1 de janeiro para mais de 4.750 pontos, registados esta quinta-feira.

No entanto, nas últimas duas semanas, o índice sofreu uma queda de 15%.

Últimos meses marcados por uma crise sem precedentes

Dificuldades de transporte, engarrafamentos nos portos, escassez de matérias-primas e de contentores. O setor do transporte marítimo está a sofrer com as condicionantes criadas pela pandemia. Depois de uma época de “hibernação” mundial, o disparar da economia levou ao colapso logístico global.

“Este ano, mais do que nunca, será aconselhável ser pró-ativo e antecipar as compras de Natal, pois a situação de colapso excecional que a logística marítima internacional atravessa pode colocar em risco o abastecimento de todo o tipo de produtos, sobretudo em períodos de máximo consumo como as que acontecerão no final do ano ”, avisa Oriol Montanyà, diretor do Departamento de Operações, Tecnologia e Ciência da Escola Superior de Gestão da UPF de Barcelona (UPF-BSM), em declarações ao ‘elEconomista’.

O aproximar de datas como Black Friday e Natal começam a colocar pressão em cima das cadeias de abastecimento. Atrasos nas encomendas e falta de contentores são apenas alguns dos ingredientes que podem levar a este colapso.

“A procura tem superado a oferta. Ou seja, não há navios suficientes para responder a todas as solicitações de transporte, o que está a causar interrupções em várias cadeias de abastecimento, a ponto de encontrar fábricas que foram obrigadas a interromper o abastecimento”, acrescenta Montanyà.

O ‘elEconomista’ refere ainda haver uma infinidade de fatores que coincidiram ao longo do tempo, gerando uma situação imprevisível. Esses fatores são o colapso dos portos (onde os contentores ficam mais tempo do que o necessário), a descompensação dos fluxos (fazendo com que haja contentores onde não são necessários e vice-versa) e a procura subiu para 8% (o que supera uma oferta cada vez menor).