Eficiência e consciência

Com mais de 20 anos de actuação, a EDP Brasil opera em toda a cadeia de valor do sector: Geração, Transmissão, Distribuição, Comercialização e Soluções em Energia. A companhia, que tem mais de 10 mil colaboradores, possui 15 unidades de geração hidroeléctrica e uma termoeléctrica. A EDP Brasil está presente em 11 estados brasileiros e responde por 15-20% do EBITDA do Grupo, consoante a taxa de câmbio. Em entrevista à Executive Digest, Miguel Setas, presidente da EDP Brasil, abre-nos as portas de uma empresa virada para o futuro, com uma estratégia global de inovação e um ciclo de investimentos que colocaram a EDP na vanguarda das principais tendências do sector, estando agora focada em novas etapas de crescimento.

Está presente neste mercado há 20 anos, que importância assume?

A EDP é uma das maiores empresas privadas do sector eléctrico a operar em toda a cadeia de valor. A companhia, que tem mais de 10 mil colaboradores directos e indirectos, actua em Geração, Transmissão, Distribuição, Comercialização e Soluções em Energia, e possui 15 unidades de geração hidroeléctrica e uma termoeléctrica. Em Distribuição, atende cerca de 3,4 milhões de clientes em São Paulo e no Espírito Santo. Recentemente, adquiriu participação na CELESC, em Santa Catarina.

A EDP está presente em 11 estados brasileiros: Amapá, Pará, Ceará, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No que diz respeito aos negócios de Comercialização e Soluções em Energia, actua em todo o território nacional. A EDP Brasil tem 3 GW de capacidade instalada em Geração; 24,7 TWh de energia distribuída; 17 804 GWh de energia comercializada e 1300 KM de linhas de transmissão.

No Brasil, é referência em áreas como Inovação, Governance e Sustentabilidade, estando há 12 anos consecutivos no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de Valores, em São Paulo (B3).

Qual é a estratégia actual?

Após o fim de um ciclo de investimentos em Geração, com a entrega das centrais hidroeléctricas Santo Antônio do Jari (2014), Cachoeira Caldeirão (2016) e São Manoel (2018), iniciamos agora uma nova etapa de crescimento focada nos segmentos de Transmissão, Distribuição e Serviços de energia. Para este ano, a EDP Brasil prevê um investimento de quase R$1,4 mil milhões, um aumento de quase 30% em relação a 2017. Desse total, R$ 630 milhões serão destinados às nossas distribuidoras para expansão e melhoria das redes, adicionalmente aos R$ 298 milhões empregados na aquisição de 19,62% do capital da CELESC. Temos hoje o compromisso de investir R$ 3,1 mil milhões até 2022 na construção de 1,3 mil quilómetros de linhas e de quatro subestações em Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Maranhão. Além disso, estão previstos mais de R$ 100 milhões em aportes na área de Solar e Eficiência Energética.

Como tem evoluído o processo de construção da marca no Brasil?

A EDP Brasil tem optado por concentrar os investimentos voltados ao fortalecimento da sua marca em algumas grandes acções com impacto social associado. Uma delas foi o patrocínio Master da reconstrução do Museu da Língua Portuguesa, destruído por um incêndio em Dezembro de 2015. Além disso, a companhia é patrocinadora das Bienais do Livro do Rio e de São Paulo e uma das duas maiores patrocinadoras da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), maior festival de literatura do Brasil. Além disso, criou a exposição itinerante “A Energia da Língua Portuguesa” que, instalada num camião, percorre o Brasil levando informações sobre as peculiaridades do nosso idioma e dos países lusófonos.

Como é que se tem diferenciado num mercado tão competitivo?

Pela eficiência e consistência nos resultados que, neste ano, nos permitiram entrar na lista das 50 maiores empresas do Brasil segundo os dois rankings económicos mais respeitados do país. Na lista Valor 1000, do jornal Valor Econômico, a EDP ficou na 47.ª posição, um avanço de 18 colocações em relação a 2017. No ranking da revista Exame, subimos 14 posições na comparação com o ano passado.

Contribuiu para isso, por exemplo, a entrega antecipada de obras, que se tem tornado uma marca registada da EDP no Brasil. Em 2018, a Central de São Manoel foi a terceira entregue pela EDP antes do prazo, após Cachoeira Caldeirão, em 2016, e Santo Antônio do Jari, em 2014. Com o cronograma adiantado, foi possível vender a energia gerada pelo empreendimento no Mercado Livre, o que rendeu para a companhia a facturação de R$ 93,5 milhões até ao início do Contrato de Comercialização de Energia Eléctrica.

Temos sido, ainda, reconhecidos pelos nossos elevados padrões de governance. Em 2018, conquistámos pelo quinto ano o Troféu Transparência, concedido pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Além disso, temo-nos posicionado como uma companhia de referência em inovação. A EDP foi a primeira empresa do sector eléctrico brasileiro a criar um Centro de Excelência em Robotização (CER), com uma equipa certificada e dedicada a automatizar e gerir a força de trabalho digital. A companhia já disponibilizou 84 robots programados para a realização de processos repetitivos, permitindo que os colaboradores se concentrem em tarefas mais criativas e analíticas. A meta é atingir 120 processos robotizados até o fim de 2018. A empresa também inaugurou na autoestrada entre o Rio de Janeiro e São Paulo, em parceria com o BMW Group, o maior corredor para abastecimento de carros eléctricos da América Latina. Entretanto, lançámos a EDP Ventures Brasil, o primeiro veículo de investimento de capital de risco do sector eléctrico brasileiro, com previsão de aportes iniciais de R$ 30 milhões em startups, com negócios focados em soluções para o mercado de energia. Mais recentemente, fomos notícia por termos sido os primeiros a utilizar a tecnologia blockchain no sector eléctrico brasileiro. São investimentos que colocam a EDP na vanguarda das principais tendências do sector.

Quais os principais desafios?

O sector eléctrico brasileiro pode-se orgulhar dos avanços conseguidos na última década. Os resultados obtidos na expansão da Geração e da Transmissão e a consolidação da fonte eólica são alguns dos motivos. O ambiente regulatório brasileiro é relativamente estável e tem atraído investimento estrangeiro. Entretanto, um ponto onde é preciso avançar é a gestão do risco hidrológico, que, pelas regras actuais, onera as distribuidoras e, em última instância, o consumidor final. Nesse sentido, a EDP tem-se posicionado em favor da criação de um mercado de risco hidrológico. A ideia é repassar esse risco para quem consegue tomá-lo, como as comercializadoras, de modo a reduzir o impacto sobre as distribuidoras. Estas pagariam um valor fixo para que esse risco fosse gerido por agentes especializados. Adicionalmente, a EDP tem defendido também a inserção de centrais térmicas de baixo custo variável na matriz energética brasileira, como forma de compensar o défice de geração hídrica, que tem afectado o país nos últimos anos.

A EDP anunciou o reforço da produção de energia eólica no Brasil. O que se vai processar na prática?

A geração eólica encontra-se no âmbito das actividades da EDP Renováveis. Ao longo dos últimos anos tem desenvolvido um portefólio alargado de projectos nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Rio Grande do Norte. Recentemente, a companhia ganhou novos projectos com um investimento estimado de cerca de R$ 2 mil milhões.

Quais são as metas da EDP Brasil?

Até o fim do ano, a empresa fará o maior investimento da sua história no Brasil, um aporte de R$ 1,372 mil milhões nas áreas de Distribuição, Transmissão, Geração e na aquisição de participação na CELESC, entre outros.

Já estamos a colher frutos importantes desses investimentos, como a inauguração da quarta e última máquina da Central Hidroeléctrica de São Manoel (a primeira máquina foi entregue com quatro meses de antecipação), o início da construção do primeiro projecto de Transmissão do Grupo, no Espírito Santo, e a conclusão da OPA para ampliar a nossa participação na CELESC. A Linha de Transmissão do Espírito Santo já está com mais de 60% das suas obras concluídas, o que confere uma antecipação de mais de 17 meses face ao prazo regulatório. A EDP também já recebeu o licenciamento ambiental das linhas de Santa Catarina, Maranhão e Minas Gerais/São Paulo, sinal favorável para possíveis antecipações. Dessa forma, esperamos concluir 2018 com resultados sólidos que permitam a consistência operacional e financeira da EDP em todas as suas áreas de negócio.

Fechou o semestre com um investimento de 685 milhões de reais. Quais as previsões nos próximos anos?

Estão previstos cerca de R$ 600 milhões anuais para a expansão e melhoria das redes das nossas distribuidoras e R$ 3,1 mil milhões, até 2022, para a construção de 1,3 mil quilómetros de linhas e de quatro subestações em Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Maranhão. Além disso, estão programados para os próximos meses mais de R$ 100 milhões em aportes na área de Solar e Eficiência Energética.

Quais as expectativas para 2019?

Inicia-se um novo ciclo político. Esperamos que estejam reunidas condições para que o Brasil reafirme o seu protagonismo no quadro das grandes economias mundiais, e que o ambiente de negócios favoreça a atracção de investimento estrangeiro. De preferência português!

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