Randstad Insight: O que acham os portugueses dos 150 maiores empregadores?

Por José Miguel Leonardo | CEO da Randstad Portugal

As empresas anseiam pelos dados do Randstad Employer Brand Research para continuar a fortalecer e a implementar a sua estratégia de employer branding.

A alteração reflecte-se mesmo no facto de as organizações cada vez estarem a criar posições novas para responder aos desafios de uma estratégia de employer branding.

Assim, e já com um histórico de 17 anos a Randstad volta a apresentar o maior estudo independente de employer branding, incluindo 30 países e com respostas de mais de 175 mil pessoas. A amostra utilizada representa a população activa de cada região e permite compreender a percepção sobre os 150 maiores empregadores e o que os talentos mais valorizam numa decisão de mudança de emprego.

Passando já para os resultados nacionais, vemos que o salário e benefícios continua a ser o factor mais importante. Algo que não é de estranhar e que a empresa considera mesmo um factor higiénico. O que é mais interessante nos resultados é que a estabilidade de carreira deixa de ser o factor em destaque. Não por ter perdido importância, mas porque mais pessoas destacaram o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional (53% versus 52% em 2017). Em terceiro surge a progressão de carreira que ganha maior relevância face ao ambiente de trabalho. Os resultados seriam diferentes se fossem apenas os homens a votar, colocando a segurança profissional à frente do equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Assim como a idade, sendo a geração dos 18 aos 24 que destaca a progressão de carreira face aos outros atributos. É ainda interessante verificar que os inquiridos dos 45 aos 64 são os que dão maior importância à saúde financeira.

Também são os inquiridos com formação superior que dão maior importância ao equilíbrio  entre a vida pessoal e profissional, em detrimento da segurança profissional.

Estas assimetrias conseguem ser compreendidas quando ligadas à conjuntura. Acreditamos que o aumento da confiança, assim como a descida da taxa de desemprego estão a trazer novos factores de atractividade para cima damesa. Em paralelo, a abordagem ao mundo do trabalho pelas gerações mais novas (millenial e Z) também tem vindo a alterar o paradigma.

Quando comparados os resultados dos critérios mais valorizados pelos portugueses no seu processo de decisão, com a classificação que dão às empresas que conhecem verifica-se um gap no top 3 se considerarmos os salários, uma vez que o tema de progressão de carreira é o que parece estar mais equilibrado. A diferença mais acentuada é o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Um tema que não é novo nas organizações. Mas a tecnologia talvez tenha ajudado a “desequilibrar” o horário de trabalho e por isso é necessário olhar de forma mais profunda para o tema.

Se o estudo identifica no abstracto o que é mais valorizado pelos portugueses na decisão do emprego, também mostra o que levou a sair ou a ficar. Se olharmos exclusivamente para os inquiridos que indicaram que se tinham mantido na empresa e que não têm planos de sair nos próximos 12 meses, vemos que é a estabilidade profissional que se destaca. Em terceiro, e com uma percentagem muito próxima (apenas 1% de diferença), está a saúde financeira da organização. Por outro lado, vemos que para as pessoas que mudaram de emprego ou que têm esse plano para os próximos 12 meses, os principais factores que estão na sua base é a compensação ser baixa, a evolução de carreira ser curta e a falta de reconhecimento. Resultados que reforçam que as estratégias de retenção devem ser sempre feitas a longo prazo. A carreira tem de ter um percurso e a mobilidade interna, assim como a possibilidade de internships em projectos, pode ser a motivação necessária.

O Randstad Employer Brand Research destaca ainda os sectores mais atractivos para trabalhar cruzando o reconhecimento de marca com a atractividade. E é nesta matriz que surgem seis sectores: aviação, tecnologias de informação e consultoria, turismo e lazer, banca e comida e bebidas. São os que têm maior reconhecimento de marca e atractividade, mas se nos focarmos exclusivamente na atractividade o destaque vai para o sector da saúde.

É nos atributos de saúde financeira, responsabilidade social, conteúdo de trabalho interessante, segurança profissional, bom ambiente, boa reputação e equilíbrio entre a vida pessoal e profissional que as empresas do sector se distinguem. Conhecer a percepção do sector nos vários EVP’s é muito importante, porque há momentos em que se pode “apanhar boleia” dessa percepção e há outros em que acontece o contrário e o employer brand da marca pode conseguir ter uma imagem diferente do sector.

Mas e quanto aos sectores menos atractivos? Vemos o da restauração e catering, o segurador e o têxtil. Sectores com diferentes realidades no reconhecimento das marcas que o integram, mas que têm desafios para atrair e reter.

Por fim o destaque para as empresas mais atractivas de acordo com a percepção dos portugueses. A Microsoft mantém o primeiro lugar, seguida da Hovione que já se tinha destacado no ano passado mas que não tinha ainda chegado ao top 3. A TAP vencedora da primeira edição em Portugal, mantém o terceiro lugar. Em relação aos reconhecimentos, ou seja, em que atributos as marcas que não são do top 3 mais se destacaram, a Nestlé é distinguida no atributo saúde financeira, Banco de Portugal em salário e benefícios, segurança no trabalho e progressão de carreira, a Siemens na utilização de tecnologia de ponta, a Delta Cafés que estava em segundo lugar em 2017 destaca-se em muitos dos atributos: ambiental e socialmente responsável, equilíbrio trabalho/vida pessoal, reputação e ambiente de trabalho e por fim a RTP que pelo terceiro ano mantém a distinção no atributo trabalho estimulante. Esta “estabilidade” nos resultados demostram que o employer brand de uma marca é algo com continuidade. Por isso o Randstad Employer Brand Research tem como regra não atribuir três anos seguidos o prémio à mesma empresa.

O estudo não procura assustar as empresas, mas dar uma bússola para que possam conhecer a percepção dos portugueses sobre a sua marca e sector, assim como o que mais valorizam na decisão de emprego. Por outro lado, permite isolar uma marca e conhecer de forma mais profunda a opinião dos inquiridos. Um guia que está disponível para os 150 maiores empregadores, mas também para outras empresas que embora não pudessem ser vencedoras por não pertencerem a este top, podem guiar a sua estratégia de captação e retenção de talentos com estes dados.

Estudo publicado na Revista Executive Digest n.º 145 de Abril de 2018.

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