Americanos e chineses discutem taxas
A Organização Mundial do Comércio (OMC) vai investigar as taxas aplicadas em Setembro pelos EUA às importações de pneus produzidos na China, de acordo com documentos. A investigação ocorre devido a uma solicitação chinesa enviada ao órgão logo após o anúncio da medida pelos norte-americanos.
Em Setembro do ano passado, os EUA aprovaram a aplicação de uma taxa de 35% sobre as importações de pneus chineses em 2010, que seria reduzida para 25% em 2011 e para 20% em 2012. A taxa seria adicional a um imposto de 4% aplicado sobre pneus em geral.
Após a decisão norte-americana, a China aplicou tarifas ou restrições à importação sobre alguns itens produzidos nos EUA, como o ácido industrial e os frangos. O país asiático também iniciou uma investigação para apurar se as construtoras norte-americanas estariam a vender carros abaixo do custo de produção no mercado chinês – prática conhecida como “dumping”. Os EUA retaliaram com investigações de práticas de dumping por parte da China e, no mês passado, impuseram uma taxa de importação sobre o aço produzido pelos chineses – um mercado de 2,8 mil milhões de dólares.
A tensão crescente entre os dois países mais activos do comércio mundial estimulou o proteccionismo nos dois lados do Pacífico e foi uma das razões pelas quais as negociações para um acordo de livre comércio mundial fracassaram novamente em Dezembro. A OMC formalizará a composição do painel que investigará as taxas sobre os pneus numa reunião agendada para 19 de Janeiro.
Quando a China ingressou na OMC, em 2001, concordou em aceitar que os seus parceiros comerciais adoptassem “salvaguardas”, o que lhes daria o direito de elevar algumas taxas de importação se uma invasão de produtos chineses passasse a trazer problemas para a indústria local. A justificação dos EUA para a adopção das taxas foi o uso dessa salvaguarda.
O painel da OMC publicará o resultado da investigação daqui a nove meses. Se for decidido que os EUA aplicaram indevidamente as taxas, a China será autorizada a elevar as suas taxas de importação sobre alguns dos principais produtos norte-americanos para reverter o prejuízo gerado com esta questão dos pneus. Os EUA, no entanto, podem recorrer da decisão da OMC, o que abre espaço para que a disputa dure muitos anos.