França: “Retoma económica já está a acontecer”, diz ministro da Economia

França reabriu esta quarta-feira os bares, restaurantes, museus, cinemas e teatros, depois de um período de quase sete meses encerrados ininterruptamente, no âmbito das restrições decretadas pelo Executivo de Emmanuel Macron para combater a pandemia.

O fim do terceiro confinamento no país será um teste à economia francesa, depois de milhares de empresas, bem como estabelecimentos culturais, terem recebido auxílios estatais definidos pelo Governo, entre os quais o pagamento de salários (84% do montante líquido) e de outros custos fixos, exoneração de encargos, além de um “fundo de solidariedade” para todas os estabelecimentos que tiveram de encerrar temporariamente ou que registaram perdas de receita.

As empresas puderam optar entre receber até 10 mil euros por mês ou 20% da faturação, com um limite definido pelo Governo.

As ajudas estatais anteriormente referidas ascenderam, em 2020, a 168 mil milhões de euros, incluindo as perdas de receitas do Estado com impostos e encargos devido ao encerramento das atividades.

Em França, a crise pandémica já custou cerca de 424 mil milhões de euros, o equivalente a 20% do PIB do país no ano passado, um valor que inclui os auxílios concedidos às empresas e empréstimos a grandes grupos, impostos e taxas que deixaram de ser recolhidos, despesas de saúde (hospitalizações, além de testes gratuitos e ilimitados).

De acordo com Bruno Le Maire, ministro da Economia, a estratégia do “custe o que custar”, mencionada por Emmanuel Macron, permitiu reduzir para quase metade as demissões previstas para 2020, ano marcado por dois confinamentos, apesar de, ainda assim, 360 mil postos de trabalho terem sido extintos.

No entender do governante, é através destas ajudas estatais que economia poderá ser relançada rapidamente. “Se tivéssemos de recriar qualificações profissionais nas fábricas e nas companhias, estaríamos numa situação económica calamitosa”, observou o titular da pasta da Economia gaulês.

Segundo Le Maire, a “retoma económica já está a acontecer”, referindo que a expansão já se está a notar em setores como o da construção.

O défice público atingiu 9,2% do PIB em França, o nível mais alto desde 1949, elevando o toral da dívida pública de 97,6% para 115,7% do PIB. Contudo, o Governo prevê que o défice caia para 8,5% do PIB este ano.

“A partir de 19 de maio, as etapas sucessivas (do fim do confinamento) vão levar-nos a definir um novo modelo de crescimento e prosperidade”, afirmou Emannuel Macron.

A Comissão Europeia revelou-se ainda mais otimista do que o Governo francês, depois de ter anunciado previsões de crescimento de 5,7% do PIB do país este ano, acima da média da zona do euro, que é de 4%.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aponta para um crescimento de de 5,9% da economia francesa em 2021.

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