Ensino à distância. Investigadores alertam para falta de condições: 25% das crianças vivem em casas onde entra água
O ensino à distância começa na próxima segunda-feira, dia 8, e “vai agravar ainda mais o já gigantesco fosso da desigualdade” entre as crianças portuguesas. É a conclusão de uma equipa de investigadores da Nova School of Business and Economics, que aponta que 25,8% das crianças vivem em casas cujo telhado deixa entrar água.
As aulas não presenciais vão ser retomadas na segunda, tal como anunciou o Governo depois de uma reunião do Conselho de Ministros, no final do mês passado. No entanto, os investigadores da Nova School of Business and Economics advertem que o ensino à distância “só funciona para os filhos dos burgueses”.
A equipa é liderada pela economista Susana Peralta, que considera, em declarações ao jornal Público, que “as crianças mais pobres vão estar com um atraso escolar absolutamente desproporcionado”. “Já sabemos que o fosso da desigualdade se cavou nos países onde foram recolhidos indicadores resultantes do encerramento das escolas. Por cá, o Governo ia começar a fazer essa avaliação em janeiro, quando a pandemia se agravou”.
Assim, a equipa de investigadores considera que há falta de condições materiais (equipamentos) e das próprias habitações, que, em alguns casos, têm telhados que deixam entrar água ou têm caixilhos de janelas ou chão apodrecidos.
“Se atendermos à percentagem de crianças que em Portugal vivem sem condições materiais e cujas famílias não têm recursos intelectuais para os ajudar, percebe-se que o ensino à distância só funciona para os filhos dos burgueses”, disse ainda Susana Peralta ao Público.
Para fazer face à falta de equipamentos, o Conselho de Ministros aprovou esta quinta-feira a aquisição de mais de 15 mil computadores para as escolas portuguesas, que serão adicionados aos 100 mil já entregues a alunos carenciados do ensino secundário. O Governo espera ainda a chegada de mais 335 mil portáteis, cuja entrega foi atrasada por problemas de abastecimento dos fabricantes, de acordo com um comunicado do Ministério da Educação, enviado às redações.