Covid-19: Coordenador da task-force de vacinação demitiu-se

O coordenador do Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19 em Portugal, Francisco Ramos, demitiu-se das suas funções, de acordo com um comunicado do Ministério da Saúde enviado às redações.

Na nota em questão é referido que em causa estão «irregularidades detetadas pelo próprio no processo de seleção de profissionais de saúde no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, do qual é presidente do Conselho de Administração».

Ainda assim a tutela ressalva que «o funcionamento da Task Force mantém-se assegurado pelos restantes membros do núcleo de coordenação». O pedido de demissão foi enviado por e-mail por Francisco Ramos para a ministra da saúde, citando os motivos indicados na nota do ministério, segundo a ‘SIC Notícias’.

«Depois de ter tomado conhecimento destas irregularidades, não se reúnem as condições para continuar», disse o responsável. «Assim, apresentei ontem, dia 2 de fevereiro de 2021, à Senhora Ministra da Saúde, a renúncia ao cargo», acrescentou.

Segundo a estação televisiva para além de Francisco Ramos, há mais duas baixas na Cruz Vermelha Portuguesa: o diretor clínico e a enfermeira diretora, que se demitiram no seguimento da decisão do ex-coordenador da task-force de vacinação contra a Covid-19.

A decisão acontece também numa altura em que muito se fala sobre vacinação indevida. São já vários os casos de denúncias enviadas, nomeadamente à Secção Regional (SR) Centro da Ordem dos Enfermeiros, onde são vacinadas pessoas que não fazem parte dos grupos prioritários estabelecidos pelo Governo.

Na segunda-feira o organismo recebeu duas denúncias. Uma delas na Fundação de Nossa Senhora da Conceição, em Valongo do Vouga, concelho de Águeda. Na mensagem, tornada pública pela entidade, pode ler-se que na instituição em questão, «foram vacinadas pessoas que não coabitam no lar, nem são funcionários de ação direta aos utentes».

A partilha, que ocorreu «através das redes sociais da SRCentro», revela ainda que se trata do «padre da freguesia, familiares das enfermeiras que administraram a vacina e outros funcionários da instituição (que não lidam diretamente com utentes ou infetados com Covid-19), presidentes de associações e possíveis familiares».

Isto acontece, adianta a entidade, citando a mensagem, numa altura em que «os próprios bombeiros de Águeda, enfermeiros do hospital do baixo Vouga e auxiliares ainda não tomaram a vacina, estes últimos por não haver (doses) suficientes para todos».

Para além desta a SRCentro recebeu uma outra através de uma carta anónima, na qual são divulgadas situações de vacinação contra a Covid-19 indevidas em dirigentes da Associação de Solidariedade Social de Farminhão, em Viseu.

«A administração da 1ª dose da vacina contra a Covid-19 terá ocorrido no dia 18 de Janeiro, tendo abrangido todos os utentes e colaboradores da Unidade de Cuidados Continuados de Farminhão, uma valência da associação em questão, uma instituição particular de solidariedade social do concelho de Viseu», revelou.

Na carta, a que Executive Digest teve acesso, são mencionados os vários nomes das pessoas que foram vacinadas, onde «para além dos colaboradores e utentes» se destacam ainda a diretora executiva, o presidente da Assembleia Geral, o presidente da Direção, a vice-presidente, bem como outros vogais.

*Notícia atualizada às 16h42 com mais informação