Trump «convidou-nos». Manifestantes acusados no ataque ao Capitólio culpam ex-Presidente

O ex-Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está atualmente a ser julgado por ‘impeachment’ depois de ter sido acusado de “incitar à insurreição” na sequência da invasão do Capitólio, que resultou na morte de cinco pessoas. Alguns manifestantes que atacaram o edifício em Washington também estão a ser julgados e estão a atirar as culpas para Trump.

Emanuel Jackson, um homem de 20 anos residente em Washington, foi filmado a usar um bastão de metal para atingir os escudos protetores empunhados pelos agentes da polícia enquanto tentavam defender-se dos manifestante que assaltaram o Capitólio dos EUA no dia 6 de janeiro.

Como relata a agência Reuters, Jackson está à espera do julgamento no tribunal federal por acusações de agressão e está a adotar uma nova defesa legal: atribuir a culpa a Donald Trump, citando as observações do antigo Presidente num comício, “parem o roubo”, pouco antes do cerco do Capitólio.

Donald Trump disse ainda à multidão para “lutar com tudo” e repetiu as falsas alegações de que a eleição tinha sido roubada através de fraude eleitoral generalizada.

Trump exortou os seus apoiantes a invadirem para o Capitólio, no momento em que o Congresso norte-americano certificava a vitória eleitoral do Presidente Joe Biden. O ataque resultou na morte de cinco pessoas, incluindo um agente da polícia.

A advogada de Jackson, Brandi Harden, escreveu no processo judicial que “a natureza e as circunstâncias desta ofensa devem ser vistas através da lente de um acontecimento inspirado pelo Presidente dos Estados Unidos”.

O cerco do Capitólio, acrescentou, “parece ter sido espontâneo e desencadeado pelas declarações feitas durante o comício de Trump”. Harden argumentou ainda que Jackson deveria ser libertado enquanto aguardava julgamento.

Pelo menos seis das 170 pessoas acusadas pelo ataque ao Capitólio tentaram transferir parte da culpa para Trump, enquanto se defendem em tribunal.

Outros arguidos que tomaram esta via incluem Dominic Pezzola, um membro do grupo de extrema-direita “Proud Boys”, acusado de partir uma janela do Capitólio com um escudo policial roubado para que os manifestantes pudessem entrar.

“O chefe do país [Trump] disse: ‘Desçam, deixem as pessoas saberem o que pensam'”, disse o advogado de defesa de Pezzola à agência Reuters. “O pensamento lógico era: ‘Ele convidou-nos a fazer aquilo'”, acrescentou.

Donald Trump subiu a um palco perto da Casa Branca e exortou os seus apoiantes a “lutarem” – uma palavra que usou mais de 20 vezes. Trump disse à multidão que todos estariam “em breve a marchar até ao Capitólio”. Cerca de 50 minutos após o seu discurso, muitos seguiram o apelo do ex-Presidente.