Governo reúne-se ainda hoje com epidemiologistas. Encerramento das escolas em cima da mesa
O Governo vai reunir-se ainda esta quarta-feira ao final da tarde com epidemiologistas, anunciou o primeiro-ministro, António Costa, aos jornalistas em Bruxelas.
“Apesar de estar aqui no Parlamento Europeu, tenho mantido contacto permanente com Portugal para ver a evolução da situação epidemiológica”, disse Costa. “Amanhã temos Conselho de Ministros e estamos a avaliar a evolução da situação, os números de hoje são particularmente dramáticos”, acrescentou.
Segundo a TSF, em causa pode estar o possível encerramento das escolas, depois da pressão a que o Governo tem sido sujeito para encerrar todos os estabelecimentos de ensino do país. Fonte do Governo explicou entretanto à agência Lusa que os epidemiologistas que vão estar presentes hoje são os que habitualmente participam nas reuniões no Infarmed.
A reunião vai ser liderada pela ministra da Saúde, Marta Temido, e pela ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Mariana Vieira da Silva. As duas ministras vão reunir-se depois com Costa, hoje à noite, quando o primeiro-ministro regressar de Bruxelas, onde esteve de manhã.
A secretária de Estado da Educação, Inês Ramires, assegurou hoje que o Governo avaliará a cada momento a evolução da situação epidemiológica no país e tomará as “medidas necessárias”, compreendendo o “medo frente aos números” de casos.
Ontem, o primeiro-ministro já admitiu a possibilidade de encerrar os estabelecimentos de ensino se a pandemia se agravar, nomeadamente, se a estirpe inglesa se tornar dominante em Portugal. “Se amanhã soubermos, se para a semana soubermos, se daqui a 15 dias soubermos que a estirpe inglesa se tornou dominante no nosso país, vamos ter de fechar as escolas”, disse no debate no Parlamento. “Aí farei o que tenho de fazer”, sublinhou.
A decisão de manter as escolas abertas tem sido amplamente criticada. Vários especialistas e também a Federação Nacional de Professores (Fenprof) querem as escolas encerradas durante o confinamento. “A Fenprof considera que, enquanto durar um confinamento que se pretende geral, as escolas não podem continuar a ser exceção e também deverão encerrar, contribuindo, dessa forma, para travar e inverter o rumo da pandemia”, disse o secretário-geral da federação sindical, Mário Nogueira.
O presidente da Associação de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, pede também o encerramento das escolas, já que estas não existem “fora da sociedade”. Diz o responsável que, numa altura como estas, importa sobretudo “dar ouvidos à ciência e determinar o fecho dos estabelecimentos de ensino”, tendo em conta o aumento exponencial de infeções que hoje se verifica.
Portugal registou esta quarta-feira dois novos recordes: mais 14.647 infeções e 219 mortes por covid-19, segundo o boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).