Baptista Leite defende confinamento absoluto de três semanas. «Tudo deve parar de imediato»

Ricardo Baptista Leite, médico e deputado do PSD, defendeu no domingo, um «confinamento absoluto de três semanas», considerando que «tudo deve parar de imediato», devido ao «cenário de catástrofe» vivido em Portugal, e dá o exemplo do hospital de Cascais onde trabalha como voluntário.

Num vídeo publicado através do Facebook, o responsável, falou sobre o cenário vivido naquela unidade hospitalar. «A dor e o sofrimento são indescritíveis. A sensação de impotência por não podermos fazer mais. Vi uma colega médica a chorar depois de sair do covidário mais de 5 horas depois do término do seu turno», adiantou.

«Física e psicologicamente esgotada. Cada vez que se estabiliza um doente, havia já mais 3 ou 4 doentes instáveis a entrar pela porta dentro», revelou sublinhando que viu também «uma enfermeira praticamente a não conseguir respirar ao tirar o fato de proteção depois de horas infindáveis junto dos doentes».

A enfermeira, «limitou-se a acenar com a cabeça, antes de ficar com o olhar perdido», reporta o médico. «O silêncio é o nosso companheiro na dor. O peso da ausência de palavras», adianta descrevendo um cenário muito complicado: doentes com insuficiência respiratória grave, falta de vagas nos cuidados intensivos e necessidade de tomar decisões extremamente importes. «Ventilamos os doentes ali, em pleno serviço de urgência», descreveu.

Em determinadas situações, segundo Baptista Leite, os doentes «menos graves», que aguardam pelo teste assistem a tudo o que acontece, «num espaço demasiado pequeno para tantas dezenas». Aqui, defende, «é preciso estabelecer prioridades», isto porque «o cenário é de catástrofe». «Temos tantos doentes graves na casa dos 40, 50 e 60, muitos sem outras doenças, que simplesmente não podem morrer. Não podem! Assumem-se por isso prioridades», revela.

Fazem-se escolhas tão difíceis sobre quem tem maior probabilidade de morrer, faça-se o que se fizer. É devastador ver equipas de médicos forçados a escolher quem são os doentes com maior probabilidade de viver para os poder assumir como prioritários», descreve.

Perante esta situação, para o responsável é necessário «mudar de imediato as medidas governamentais e determinar um confinamento absoluto durante três semanas para depois ser reavaliado», o que «tem de incluir as escolas, garantindo o apoio remuneratório a um dos pais, tal como aconteceu durante a primeira vaga», defende.

«O problema não são as infeções nas escolas. É toda uma sociedade que não consegue parar com as escolas abertas. Mais: todas as demais atividades não essenciais, que não sejam possíveis por teletrabalho, devem cessar atividade de imediato pelo mesmo período de tempo. Tudo deve de parar de imediato. Reduzir as regras de circulação unicamente para as situações determinadas aquando do estado de emergência de março de 2020», considera.

Desta forma Baptista Leite defende uma mobilização de «todos os meios de saúde disponíveis no país para as próximas semanas», bem como a necessidade de «chamar todos os recursos humanos disponíveis para abrir o maior número possível de hospitais, clínicas e tendas de campanha com máxima urgência», entre outras medidas.