E já lá vão 26 derrotas legais. Trump recusa-se a aceitar resultado eleitoral e insiste na teoria da fraude

Vinte e seis derrotas legais e 10 dias depois de Joe Biden ter sido declarado vencedor das eleições presidenciais, Donald Trump ainda não admitiu a derrota. Tornou-se mais discreto em termos de intervenções públicas, é certo, mas a sua conta no Twitter revela a última esperança que lhe resta: teorias da conspiração, boatos sobre fraude eleitoral e desdobrados telefonemas para que os juízes ou os parlamentares republicanos anulem o resultado das eleições e o declarem vencedor.

Uma estratégia que, dada a sequência de fracassos nos tribunais (26 processos rejeitados em 27) não parece dar sinais de conseguir chegar a bom porto, avança o ‘elEconomista’.

Trump tem vindo a acusar os democratas de arquitetarem fraudes há já vários meses mas sem provas, e durante a campanha, repetidamente, insistiu que o único resultado que aceitaria como legítimo seria a sua vitória: “a única maneira de os democratas vencerem é por meio da fraude, anunciou logo em setembro.

Ficou claro então que o seu grande objetivo era o voto pelo correio, num plano simples: incentivar os seus eleitores a votar apenas pessoalmente no dia da eleição e tentar anular os votos via correio, esmagadoramente democratas tal como mostrou a posterior contagem.

A primeira parte correu bem, e o magnata assumiu a liderança no dia da eleição em vários estados importantes, onde a votação nas urnas o favoreceu de forma desproporcional. A meta era reivindicar a vitória naquele momento, declarar-se vencedor e ir à Justiça para anular os milhões de votos pelo correio, em que Biden varreu por margens ainda maiores.

No entanto, o facto de Biden liderar em Nevada e Arizona, dois estados-chave o suficiente para colocar o democrata no topo em número de delegados, anulou o seu plano. Por fim, com todos os votos contados, Biden venceu quase todos os estados-chave e levou 306 delegados na recontagem provisória, coincidentemente o mesmo resultado de Trump em 2016.

Desde então a conta do Twitter de Trump foi sendo preenchida com teorias de conspiração que já perfazem uma longa lista de tramas: eleitores falecidos, máquinas de votação que supostamente manipularam os resultados das eleições presidenciais para favorecer Biden até às reclamações de responsáveis ​​pelos centros eleitorais que não permitiram que representantes republicanos comparecessem à recontagem.

E se alguém se atrever a comentar estes posts e contrariar as teorias pode não ficar sem resposta, como aconteceu com o funcionário do Ministério da Segurança Interna encarregado de fiscalizar a segurança das eleições, que por ter dito que “foram as eleições mais seguras da história”  foi demtido por Trump.

No plano da Justiça, Trump não tem muita sorte. No total, nestas duas semanas, Trump sofreu 25 derrotas judiciais nas suas tentativas de anular votos em vários estados-chave. As razões são inúmeras: falta de provas, testemunhas e denunciantes que se retrataram sob ameaça de perjúrio, falta de fundamentação jurídica e até mesmo o reconhecimento dos próprios procuradores de que nada tinham a denunciar. O advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, foi forçado a admitir em seu caso famoso na Pensilvânia que “não estamos a relatar nenhuma fraude”.

A única vitória republicana, até o momento, foi conseguir a anulação de algumas dezenas de votos que não preencheram corretamente a documentação exigida e que não foram contados enquanto se aguardava a sentença, razão pela qual não afetaram o resultado.

Agora, o maior problema de Trump é o tempo. tempo que se está a esgotar para ainda conseguir reverter os resultados. Nos próximos dias, muitos estados vão certificar os seus resultados oficiais e nomear delegados da lista do partido vencedor.

Com o cronómetro a correr e uma série de fracassos judiciais, a sua última esperança é criar dúvidas entre os próprios republicanos e encorajar os parlamentares a anular os resultados favoráveis ​​a Biden e declará-lo vencedor nos gabinetes.