Vacina Covid-19: Quem vai receber as primeiras doses nestes países?
A esperança de que as primeiras vacinas eficazes contra a Covid-19 possam começar a ser distribuídas no final deste ano ou no início de 2021 levou os países, a anunciar quem será vacinado primeiro.
Embora a Organização Mundial da Saúde tenha estabelecido diretrizes gerais para a prioridade na vacinação, os países estabeleceram seus próprios critérios.
A par da Europa, os Estados Unidos, com base no manual provisório do Programa de Vacinação do Centro de Controle de Doenças, publicado no final do mês passado, identificou grupos étnicos minoritários – potencial “população crítica” – como sendo prioritários juntamente com os lares, prisões e instituições psiquiátricas (residentes e trabalhadores), profissionais de Saúde, maiores de 65 anos e população com doenças pré-existentes.
Em Portugal, aguardam-se as indicações do Governo e autoridades de Saúde. Mas foi criada pela Direção Geral da Saúde (DGS) a Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19 (CTVC), segundo despacho assinado pela directora-geral da Saúde, Graça Freitas, a 4 de novembro, divulgado esta quarta-feira.
A esta comissão caberá emitir pareceres técnicos sobre as vacinas contra a Covid-19 que forem sendo disponibilizadas no mercado nacional e internacional; recomendar grupos-alvo da vacinação e a sua priorização; e propor e acompanhar o desenvolvimento de estudos sobre a vacinação e as vacinas utilizadas em Portugal.
A ministra da Saúde, Marta Temido anunciou também, esta quarta-feira, que Portugal deverá divulgar muito em breve a lista dos grupos prioritários e que o plano de vacinação para a Covid-19 está a ser preparado e será apresentado no início de dezembro.
Na Europa, os países estão em diferentes níveis de planeamento, com alguns já a fornecer orientações detalhadas sobre quem e como vai ser distribuída a primeira rodada de vacinas, enquanto outros prometem mais detalhes nas próximas semanas. Este é o ponto de situação, levantado pelo ‘The Guardian’.
Alemanha
O governo reconheceu que é improvável que haja doses suficientes para todos no início. O ministro da saúde, Jens Spahn, sugeriu que levaria meses para vacinar a população numa meta de 55-65%, a fim de atingir a imunidade coletiva. O Comité do Conselho de Ética Alemão, da Leopoldina (academia nacional de ciências) e da comissão permanente de vacinação da agência oficial de Saúde Pública, o Instituto Robert Koch, foi convidado a elaborar diretrizes para “acesso justo e ordenado” com cerca de 30 a 40% da população em grupos de alto risco por idade ou estado de saúde (o que inclui 23 milhões de alemães com mais de 60 anos).
A Alemanha já fez saber que pretende reduzir a pressão sobre o número de camas dos cuidados intensivos priorizando as pessoas com um risco significativamente maior. A distribuição será primeiro feita em centros de vacinação. No nível seguinte de prioridade estão aqueles que trabalham em serviços públicos essenciais, incluindo assistência médica e serviços de emergência.
França
A França está igualmente dependente de um grupo de comités consultivos que têm emitido diretrizes preliminares para a prioridade de vacinação e uma ampla campanha de consulta pública com o objetivo de combater a hesitação em ser vacinado num país que já tem histórico de resistência. A França estima que 6,8 milhões dos seus cidadãos correm um risco especialmente alto, incluindo 1,8 milhões de profissionais de saúde e cuidadores. Cerca de 23 milhões de pessoas podem ser consideradas vulneráveis devido à idade ou a condições crónicas de saúde.
Embora a OMS tenha aconselhado a considerar ocupações de alto risco na estratégia de vacinação, a França estendeu esta categoria aos trabalhadores fora da saúde, serviços de emergência e lares de idosos. Aos motoristas, por exemplo de táxis, que sofreram taxas de mortalidade mais altas do que os profissionais de saúde na primeira vaga de infeções, foi concedida prioridade para vacinação. Outros cinco milhões de profissionais também serão incluídos devido ao contacto com o público em geral, incluindo trabalhadores do retalho, funcionários de escolas, além de trabalhadores de matadouros e da construção. Seguem-se aqueles que vivem em territórios ultramarinos sem unidades de cuidados intensivos suficientes e trabalhadores em ambientes como prisões ou nas forças armadas, e serviços de emergência.
Espanha
A Espanha espera receber cerca de 20 milhões de doses iniciais de vacina face ao acordo fechado pela União Europeia, com a primeira remessa prevista para o final deste ano ou no início do próximo ano. Será o suficiente para ser administrada a 10 milhões de pessoas.
Embora ainda se aguardem por critérios mais detalhados nas próximas semanas, o ministro da Saúde, Salvador Illa, já deu nota de que os profissionais de Saúde e os idosos devem ter prioridade – embora em termos de números, os dois grupos, cerca de 10 milhões, sejam responsáveis por quase todas as doses inicialmente disponíveis. É ainda expectável que, à semelhança do que acontece em outros países, a vacinação ocorrerá, em grande parte, em centros de saúde para evitar que indivíduos vulneráveis tenham de se deslocar aos hospitais.
Itália
De Itália sabe-se apenas, através das declarações de Walter Ricciardi, assessor científico do ministro da Saúde da Itália, ao jornal La Repubblica, que a prioridade de vacinação é dada aos profissionais de Saúde, idosos e pessoas em condições que os torna vulneráveis. Seguem-se depois os militares e as forças policiais.