Dia Europeu do Antibiótico: Consumo desenfreado pode diminuir resistência contra bactérias

Esta quarta-feira, dia 18 de novembro, assinala-se o Dia Europeu do Antibiótico. Mesmo sem uma eficácia comprovada contra a covid-19, o consumo de medicamentos aumentou amplamente durante a pandemia e vários especialistas acreditam que isso vai ter um custo: a diminuição da resistência contra bactérias.

Até 2050, a chamada resistência microbiana (doenças que são resistentes a antibióticos) poderá estar associada a 10 milhões de mortes por ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Atualmente, pensa-se que pelo menos 700 mil pessoas morrem anualmente devido a esta resistência microbiana.

Investigadores e médicos acreditam que o consumo desenfreado de antibióticos no tratamento da covid-19 pode piorar o cenário atual, onde há escassez de medicamentos contra determinadas doenças.

“Vamos ver os efeitos daqui a seis meses, daqui a um ou dois anos, quando pacientes com outras doenças chegarem ao hospital. O médico vai prescrever um antibiótico que pode não funcionar naquele paciente, ou vai aumentar a sua resistência”, estima um professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e investigador na área de biologia molecular, Victor Augustus Marin, citado pela BBC.

De acordo com a CUF, os antibióticos não têm resultados no tratamento de infeção pelo novo coronavírus, “pois são dirigidos a bactérias”. Tratam-se de “substâncias químicas, naturais ou sintéticas, detentoras da capacidade de travar a multiplicação de bactérias ou de as eliminar sem provocar efeitos tóxicos”, escreve a rede hospitalar numa publicação.

Neste sentido, os antibióticos devem ser tomados quando se confirma um diagnóstico de uma infeção causada por bactérias e têm de ser prescritos por um médico. Assim, não combatem infeções provocadas por vírus.

A Organização Mundial de Saúde também alertou para o perigo do consumo excessivo de antibióticos durante a pandemia, que podem aumentar as taxas de resistência. “A resistência antimicrobiana é uma crise global que requer atenção e ação urgentes”, avisou a OMS já em julho.

Segundo o organismo, “muitos indivíduos que apresentam doença leve sem pneumonia ou doença moderada com pneumonia recebem antibióticos”. Em maio, na primeira vaga da pandemia, a OMS publicou um guia no qual recomenda a não utilização dos antibióticos no tratamento da doença em casos suspeitos ou leves.

De acordo com a CUF, existem consequências associadas à má utilização de antibióticos. “Um antibiótico que não seja adequado para o tratamento de determinada patologia, além de não a tratar e eliminar flora bacteriana normal, pode levar a que as bactérias que provocaram a infeção se adaptem e não sejam eliminadas – o que pode contribuir também para que se desenvolva uma resistência à ação dos antibióticos”.