Covid-19 detetada em visons «pode dar origem a variantes problemáticas», alerta Centro Europeu de Doenças
A transmissão da Covid-19 entre visons (ou martas) pode levar a uma rápida mutação do vírus antes de ser transmitido aos seres humanos, advertiu o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla em inglês), que emitiu novas orientações para travar a propagação da Covid-19 entre estes mamíferos e seres humanos.
O vírus pode tornar-se mais infecioso, ou letal, e alterar o risco de reinfeção. O número de infeções que podem ocorrer numa exploração de peles significa que “o vírus pode acumular mutações mais rapidamente nas martas”, explicou o ECDC esta quinta-feira.
Na Dinamarca, pelo menos 214 pessoas contraíram variantes do SARS-CoV-2 (responsável pela doença Covid-19) associadas à exploração destes mamíferos, e 12 deles apresentavam uma variante considerada mais grave.
O governo dinamarquês ia abater todas as martas do país – entre 15 a 17 milhões – mas recuou por não ter autoridade legal para tal. O governo tinha ordenado o abate dos mamíferos mesmo em quintas não afetadas pela estirpe do coronavírus. No entanto, agora vai apenas recomendar que os agricultores procedam ao abate de todos os visons.
Entretanto, a dinamarquesa Kopenhagen Fur, uma das maiores empresas de peles do mundo, anunciou esta sexta-feira que vai encerrar dentro dos próximos dois ou três anos.
O ECDC advertiu ainda que o “vírus entre as martas pode dar origem a variantes problemáticas do vírus no futuro”. “Existe atualmente uma grande incerteza, e são necessárias mais investigações sobre a natureza destas mutações e as suas implicações em questões como a eficácia da vacina, as reinfeções e a propagação ou gravidade do vírus”, acrescentaram.
A agência europeia de saúde recomendou que os países adotassem uma série de medidas de prevenção nas explorações de visons, incluindo testes regulares aos trabalhadores e residentes locais e analisar os casos positivos para verificar a existência de mutações.
O organismo também solicitou que os animais fossem testados regularmente e que fossem introduzidas medidas de precaução adicionais para limitar a potencial propagação do vírus entre os mamíferos e as pessoas.
O relatório do ECDC observou ainda que o risco para a população em geral era provavelmente baixo, mas muito mais elevado para aqueles que trabalham com os animais e para os grupos de risco que vivem em áreas com uma elevada exploração de peles de marta.
Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) está “muito, muito longe de tomar qualquer decisão” quanto à possibilidade de as estirpes mutantes de covid-19 das marta representarem um risco grave para as pessoas, disse na semana passada o chefe do programa de emergências da OMS, Michael Ryan.