Testes rápidos e medo. Assim se justifica quebra dos casos positivos em Madrid, apontam especialistas
No último mês, Madrid reduziu para metade a incidência acumulada para 14 dias (número de infeções e a positividade dos testes realizados). Três especialistas analisaram o contexto atual da Comunidade de Madrid e concordam numa questão-chave que justifica a redução dos contágios: a atitude da população em relação ao vírus.
O governo de Isabel Díaz Ayuso, presidente da Comunidade de Madrid, defende que as suas medidas, principalmente os confinamentos perimetrais “cirúrgicos” e restrições por áreas básicas de saúde, estão a funcionar.
No entanto, a revisão destes números e protocolos reflete que a realidade não corresponde exatamente à declaração do executivo regional, e que, com as informações disponíveis, é impossível extrair qualquer certeza sobre a eficácia das regras.
Peritos ouvidos pelo jornal espanhol ABC, consideram que um dos fatores-chave foi a inclusão de testes antigénicos (rápidos) na estratégia de diagnóstico. Recentemente, a Comunidade de Madrid comprou cinco milhões destes testes.
“É uma coisa boa e um avanço para o controlo da transmissão, uma vez que detetam casos quando são contagiosos, requerem menos infraestruturas, são mais baratos e proporcionam um diagnóstico rápido, o que garante um isolamento precoce”, explica Miguel Ángel Royo, especialista em medicina preventiva e saúde pública e porta-voz da Sociedade Espanhola de Epidemiologia.
Royo, Saúl Ares do Conselho Superior de Investigações Científicas espanhol e Ildefonso Hernández, porta-voz da Sociedade Espanhola de Saúde Pública e Administração da Saúde sublinham que “uma das hipóteses a ser considerada é uma mudança comportamental por parte de uma grande parte da população em reação ao alarme sobre a incidência acumulada em Madrid”.
A quarta e quinta semanas de setembro foram fundamentais para baixar o número de infeções. No dia 21, começaram a ser realizados os testes rápidos, o limite de pessoas por ajuntamento foi reduzido para seis e os confinamentos por zonas básicas de saúde foram ativados.
Os especialistas lembram ainda que o encerramento da vida noturna à 1h da manhã, a proibição de fumar na rua se não fossem cumpridos os dois metros de distância e a redução da lotação nos estabelecimentos foi igualmente importante.
Espanha contabilizou esta terça-feira mais 411 mortes atribuídas à covid-19, o número mais elevado da segunda vaga da doença, passando o total de óbitos para 39.756, segundo números divulgados pelo Ministério da Saúde espanhol.