Moody’s: Portugal entre os países com maior “destruição económica” provocada pela pandemia

A agência de notação financeira Moody’s apresentou, esta terça-feira, um cenário negativo para a avaliação de risco das dívidas soberanas em 2021, devido “ao choque económico, fiscal e social causado pela pandemia do novo coronavírus e às medidas tomadas para conter suas consequências”.

O ‘Outlook 2021’ chama a atenção para os países que vão sofrer um maior impacto da crise da Covid-19, sendo que Portugal está entre os mais afetados, revelando uma maior “destruição económica”.

“Economias como a Grécia, Portugal (Baa positivo) ou Itália, nas quais as empresas de pequena dimensão contribuem para uma grande percentagem do PIB e do emprego, vão sofrer maior destruição económica dado as reduzidas reservas das pequenas empresas, menores alternativas de financiamento e horizontes mais curtos”, pode ler-se no ‘Outlook’ para o crédito em 2021.

Esta análise aponta ao ainda que os grandes défices fiscais levarão os níveis de dívida dos governos aos mais altos níveis registados desde o rescaldo da Segunda Guerra Mundial. Para muitos dos países mais pobres, os rácios da dívida no próximo ano irão voltar, ou exceder, os níveis alcançados antes das iniciativas dos Países Pobres Altamente Endividados lançadas em 1996.

“Em 2021, esperamos que a maioria, senão todas, as economias globais comecem a recuperação gradual do choque causado pela pandemia do coronavírus, enquanto os governos continuarão a reduzir suas medidas de apoio para famílias e empresas”, disse Lucie Villa, vice-presidente da Moody’s, co-autora do relatório.

“No entanto, nenhum desses fatores fará mais do que travar e, em alguns casos, simplesmente desacelerar, a erosão nas finanças do governo, que estarão muito mais fracas após a crise do que antes”, reforçou.

A agência estima ainda que, no curto prazo, os soberanos com baixas classificações de crédito serão os mais afetados devido à sua menor força econômica e institucional, bem como ao acesso mais limitado a financiamento em comparação com os soberanos com perfis de crédito mais fortes.

No entanto, no médio prazo, os soberanos em todo o espectro de rating enfrentarão trade-offs de política cada vez mais desafiadores. A maioria está relacionada com a necessidade de conceber estratégias de saída e as reformas necessárias para abordar as falhas estruturais criadas ou exacerbadas pela crise, ao mesmo tempo que se tenta reconciliar uma série de tensões socioeconómicas reveladas nos últimos meses.