IKEA: «Devemos colocar os dados ao nosso serviço»
De que serve ter dados se não se sabe o que fazer com eles? Não será muito valioso para as empresas recolher e armazenar quantidades significativas de dados que não terão qualquer impacto no negócio. Uma das formas de garantir a utilidade destas informações é apostar em profissionais com um leque alargado de soft skills e pensamento criativo.
É esta a ideia defendida por Ana Gonçalves, P&C Delivery manager na IKEA. Presente no último dia da conferência i-Data Meeting, organizada pela IFE by Abilways, a profissional explicou a importância de elementos menos técnicos na área da ciência dos dados.
«Acreditamos que devemos colocar os dados ao nosso serviço», afirmou Ana Gonçalves, acrescentando que a IKEA sabe também que a digitalização é um forte aliado na correcta utilização dos dados, a par de pessoas com as soft skills necessárias para analisar esses mesmos dados. Espírito crítico é uma das qualidades mais procuradas, bem como a capacidade de ler as entrelinhas, de olhar para os dados e perceber de que forma podem ser utilizados.
A empresa sueca de mobiliário de decoração procura recrutar cientistas e analistas de dados que retirem insighst e que consigam correlacionar dados, comparar a realidade interna com o mercado lá fora, perceber onde ajustar, melhorar ou manter. «Como utilizar os dados a nosso favor», resume a P&C Delivery manager.
Neste sentido, além de pensamento analítico, é também valorizada a capacidade de comunicar as informações de forma simples, considerando que no caso da IKEA todos os colaboradores utilizam os dados para as diferentes tarefas – desde o CEO aos trabalhadores no armazém. E nem todos têm de ter a formação necessária para compreender os insights obtidos, pelo que a informação deve ser passada de forma clara e directa. Ana Gonçalves acrescenta que a ideia é informar, mas também provocar interesse em todos os funcionários para que possam usar o novo conhecimento no seu dia-a-dia
A responsável da IKEA dá ainda um exemplo prático de como esta abordagem aos dados pode ser útil. A empresa tem uma ideia do recrutamento que precisará de fazer no próximo ano, mas não quer esperar para lidar com a questão: pelo contrário, quer saber o que pode fazer agora para tornar o processo o mais suave possível. E, para isso, precisa de pessoas que questionem constantemente as formas de trabalhar, que testem, que não tenham problemas em falhar e que sejam resilientes.
Segundo Ana Gonçalves, os dados ajudam a atingir eficiência e agilidade em todos os departamentos. Mas, na IKEA, ainda há trabalho a fazer. Uma das grandes apostas para o ano fiscal que a empresa inicia em Setembro corrente passa pelo investimento na limpeza dos dados, de forma a assegurar a sua fiabilidade.