Mercados reagem à pandemia: Retalho pode liderar recuperação em Portugal ao contrário da pressionada banca

Desde os primeiros sinais da gravidade da pandemia da covid-19, talvez ainda desconhecendo a real dimensão económica e social da crise que se instalou, os mercados foram sendo espelhos da incerteza e da volatilidade que foi minando (quase) tudo e todos. Embora existam setores que foram até beneficiados por esta catástrofe que parou o mundo, como as tecnologias, mesmo os setores fortemente arrastados, como o turismo e as viagens, não estarão “irremediavelmente perdidos”. E os investidores estão bem atentos, a fazer as suas escolhas e a ditar as novas tendências na hora de apostar e ganhar (muito dinheiro).

Em entrevista à Risco, Ricardo Evangelista, analista sénior da ActivTrades, explica porque está o mundo às avessas: “enquanto os mercados somam ganhos a economia está de rastos”.

Volvidos três meses do início da pandemia, e à luz do forte impacto negativo na economia mundial, que trajetória fizeram os mercados? 
Os mercados financeiros começaram por reagir de forma muito negativa. Assim que a seriedade da situação se tornou clara, o S&P500 caiu mais de 35% de máximos históricos, pondo fim ao ‘bull market’ mais longo de sempre.

No entanto, o pânico inicial durou pouco e, a partir do final de março, a tendência inverteu-se de novo. Os investidores começaram a acreditar que a recuperação económica seria rápida e, com ligeiras correções pelo meio, o índice recuperou grande parte das perdas, tendo, até agora, subido mais de 40% em relação ao mínimo atingido.

Que comportamento antevê para os investidores? Que setores vão recuperar mais rápido? Existirão setores irremediavelmente afetados?
Penso que os investidores mais experientes preferem, neste momento, os setores que foram beneficiados pelas restrições impostas pelo confinamento, como, por exemplo, o das tecnológicas e o das compras online.

Por outro lado, os setores ligados ao turismo, viagens e mesmo banca (devido às novas políticas de estímulo monetário, as taxas de juro baixaram ainda mais) serão mais penalizados, mas não irei tão longe ao ponto de afirmar que estão irremediavelmente afetados.

No plano nacional, como antevê a evolução, a curto e médio prazo?
Penso que, no plano nacional, as tendências serão semelhantes às globais. A praça portuguesa não tem um setor de tecnologia significativo, por isso, acredito que o retalho será o melhor posicionado no curto/médio prazo, enquanto que a banca poderá vir a estar sob maior pressão.