A análise de Luís Ribeiro, Administrador do novobanco
O atual contexto económico encontra-se marcado por níveis anormalmente elevados de incerteza, sobretudo em função dos diversos avanços e recuos das tarifas por parte dos EUA. Os resultados do inquérito ilustram bem este quadro. Por um lado, a maioria dos inquiridos vê o ambiente de guerra comercial a ter ainda pouco ou nenhum impacto na atividade das empresas, o que corresponde (pelo menos por enquanto) à perceção obtida no terreno. Ao mesmo tempo, contudo, a possibilidade de queda das exportações e o aumento do custo das matérias-primas aparecem entre os principais riscos negativos a ter em conta. Ambos podem ser associados aos impactos potenciais das tarifas. O “outlook” para a economia portuguesa deverá continuar, assim, condicionado por este tema. Do lado positivo, continua a ser esperada uma expansão da atividade bem superior à média da Zona Euro (mesmo que com alguma moderação de expectativas, presentes neste inquérito e, também, nas mais recentes projeções do Banco de Portugal). A aceleração da execução dos fundos do PRR, uma postura mais expansionista da política orçamental na UE (com impactos na procura externa), o continuado dinamismo do setor do turismo, a descida das taxas de juro e a persistência de taxas de desemprego baixas deverão suportar o crescimento em Portugal. O investimento e as exportações deverão ser os principais “drivers” deste crescimento nos próximos anos. Por outro lado, as empresas continuam a identificar alguns desafios importantes, como a escassez de mão de obra, ou os problemas na habitação e na justiça, que condicionam o crescimento e que devem ser vistos como prioridades da política económica nesta próxima legislatura (note-se, por exemplo, que questões de licenciamento continuam a condicionar de forma significativa a execução do PRR e o investimento em nova – e necessária – habitação). Em suma, o tema do crescimento económico mantém-se central nas preocupações das empresas.
Testemunho publicado na edição de Junho (nº. 231) da Executive Digest, no âmbito da XLII edição do seu Barómetro.













