Randstad Insight: Incertezas e certezas do sector automóvel

O setor automóvel português é crucial na economia nacional em termos de exportações e geração de emprego, mas enfrenta um cenário global marcado por uma profunda incerteza. A instabilidade geopolítica, as rápidas disrupções tecnológicas e a imperativa transição energética impõem desafios complexos, nos quais a gestão estratégica dos recursos humanos emerge como um dos fatores determinantes para a resiliência e a adaptação do setor.

Executive Digest
Maio 9, 2025
12:40

Por Pedro Empis | Executive Business Director da Operational Talent Solutions, Randstad Portugal

O setor automóvel português é crucial na economia nacional em termos de exportações e geração de emprego, mas enfrenta um cenário global marcado por uma profunda incerteza. A instabilidade geopolítica, as rápidas disrupções tecnológicas e a imperativa transição energética impõem desafios complexos, nos quais a gestão estratégica dos recursos humanos emerge como um dos fatores determinantes para a resiliência e a adaptação do setor.

Um dos maiores obstáculos reside na crescente escassez de talento qualificado. A globalização do mercado de trabalho e a sofisticação tecnológica aumentam a procura por engenheiros, técnicos especializados e outros profissionais com competências específicas, tornando a atração e a retenção de talentos um desafio constante..

A transição para a mobilidade elétrica e a crescente automação dos processos produtivos exigem uma profunda requalificação da força de trabalho existente e o desenvolvimento de novas competências em áreas como software, eletrónica, inteligência artificial e análise de dados. A capacidade de integrar novas tecnologias nos produtos e nos processos de fabrico depende diretamente da disponibilidade de profissionais com conhecimentos atualizados. As alterações nas cadeias de abastecimento globais já observadas têm agora tendência para novas adaptações, à luz da guerra comercial iniciada pela administração norte-americana, que reforçam a necessidade de profissionais especializados em logística e gestão de cadeias de abastecimento.

No entanto, este contexto de incerteza também apresenta oportunidades. O investimento contínuo em programas de formação e desenvolvimento, em colaboração com instituições de ensino técnico e superior, é fundamental para preparar os trabalhadores para os desafios futuros. Os resultados do mais recente Workmonitor realizado pela Randstad mostram que os profissionais estão agora mais exigentes no que se refere à formação que recebem dos seus empregadores. Na verdade, 41% afirmam que abandonarão a sua empresa caso as oportunidades de formação e desenvolvimento não os satisfaçam ou preparem para os desafios futuros, o que compara com 29% no estudo do ano anterior.

Estratégias proativas de atração de talento, que valorizem não apenas a remuneração, mas também as condições de trabalho, as oportunidades de desenvolvimento de carreira e um bom ambiente organizacional, são essenciais para atrair e reter os melhores profissionais. Citando o mesmo estudo, 8 em 10 trabalhadores indicam que o sentimento de pertença é fundamental para se manterem na sua organização e 44% afirmam já ter saído de uma empresa devido à cultura tóxica.

No meio de tantas incertezas, há uma certeza, as empresas que implementarem estratégias de desenvolvimento das suas pessoas alinhadas com as expectativas de colaboradores e candidatos, naturalmente compatíveis com o cenário atual, estarão melhor preparadas para enfrentar estes tempos incertos.

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 229 de Abril de 2025

Partilhar

Edição Impressa

Assinar

Newsletter

Subscreva e receba todas as novidades.

A sua informação está protegida. Leia a nossa política de privacidade.