A preparação das viagens para a passagem de ano está a gerar um aumento significativo de casos de fraude ligados a arrendamentos temporários e pacotes de férias, numa tendência que já se vinha a acentuar desde 2023. Só entre esse ano e junho de 2024, a GNR identificou mais de 400 burlas associadas ao arrendamento de habitação, número que dispara para vários milhares quando se incluem os pacotes turísticos vendidos em plataformas digitais. A Deco Proteste confirma que as queixas têm crescido e antecipa que 2025 poderá ser um dos anos com mais burlas relacionadas com férias, tendo já recebido 25% mais pedidos de ajuda face aos 17 mil registados em 2024.
Perante um cenário em que muitos portugueses optam por arrendar casas para celebrações ou viagens dentro e fora do país, e em que o período festivo multiplica oportunidades para esquemas fraudulentos, as organizações de defesa do consumidor reforçam os alertas e aconselham cuidados redobrados.
Perigo crescente de burla em reservas de alojamento
Uma das situações mais comuns ocorre no momento de arrendar uma casa para férias ou estadias curtas. A Deco Proteste explica que este é um dos ambientes mais propícios à burla, sobretudo quando o potencial arrendatário não confirma previamente a existência real do imóvel. A organização aconselha a que se procure sempre alguém que já tenha estado na propriedade, como forma de garantir que ela existe e evitar cair em anúncios falsos.
Quando essa verificação não é possível, o passo seguinte deve ser pedir ao anunciante para visitar a casa presencialmente. A Deco destaca que este cuidado se torna ainda mais relevante nos casos em que o suposto proprietário afirma estar no estrangeiro — uma justificação que, segundo a associação, é uma das desculpas mais recorrentes em esquemas fraudulentos, usada para evitar encontros presenciais ou visitas ao local.
Pagamentos suspeitos e contas estrangeiras são sinal de alerta
Outro ponto crítico prende-se com os métodos de pagamento. Antes de qualquer transferência, deve ser confirmada a legitimidade do número de conta indicado. Se o IBAN parecer suspeito, especialmente quando não é português, o consumidor deve contactar de imediato o banco, já que as instituições financeiras ainda conseguem reverter operações que não tenham sido totalmente concluídas. Depois de processadas, recuperar o dinheiro torna-se bastante mais difícil.
A Deco Proteste vai mais longe e desaconselha expressamente o uso de MBWay para pagamentos de reservas. O motivo é duplo: por um lado, existe um risco acrescido de cedência de dados pessoais a terceiros desconhecidos; por outro, estas transações tornam-se muito difíceis de rastrear, o que compromete qualquer tentativa de reaver valores em caso de burla.
Promoções demasiado baratas podem esconder armadilhas
Os especialistas alertam ainda para as chamadas “promoções irresistíveis”. Pacotes turísticos com preços muito abaixo do mercado são frequentemente utilizados para aliciar consumidores, mesmo em plataformas que aparentam ser fiáveis. A Deco recomenda que se desconfie de qualquer link que redirecione o utilizador para sites externos para fazer o pagamento, uma prática associada a muitos esquemas fraudulentos.
A quem pode recorrer em caso de problema
Caso algo corra mal, a Deco Proteste recorda que os consumidores podem apresentar queixa através da plataforma Reclamar, onde várias entidades intervêm na mediação de conflitos. Também a Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) dispõe de mecanismos de resolução de litígios sem custos adicionais para o consumidor.
Qualquer situação suspeita deve ainda ser comunicada à Polícia Judiciária ou à GNR. Já dúvidas sobre a credibilidade de agências de viagens podem ser esclarecidas junto do Turismo de Portugal, que mantém informação actualizada sobre operadores licenciados e fiáveis.














