O antigo presidente francês Nicolas Sarkozy lança esta quarta-feira o livro “Le journal d’un prisonnier”. O “O Jornal de um Prisioneiro” (em tradução livre para português), publicado pela editora Fayard, controlada pelo milionário conservador Vincent Bolloré, é sobre as três semanas em que Sarkozy esteve preso.
A 25 de setembro, Sarkozy, com 70 anos, foi condenado em primeira instância a cinco anos de prisão e a uma multa de cem mil euros. O tribunal correcional de Paris considerou-o culpado de ter autorizado assessores seus a solicitar ao líder líbio, Moammar Khadafi, um financiamento oculto da sua campanha presidencial, que ganhou, de 2007. Fez apelo da sentença e vai ser julgado pelo Tribunal de Recurso de Paris, de 16 de março a 3 de junho.
Preso em 21 de outubro, Sarkozy foi libertado em 10 de novembro pelo tribunal de recurso de Paris, que considerou que não apresenta risco de fuga, colocando-o sob controlo judicial.
Como aperitivo, a editora divulgou uma passagem do diário. Sarkozy escreve: “Na prisão, não há nada para ver e nada para fazer”, uma frase que levanta inevitavelmente a questão: o que preencherá então as 216 páginas? Ainda assim, o antigo Presidente revela que a experiência esteve longe de ser silenciosa. Pelo contrário: afirma que o silêncio “não existe em La Santé”, acrescentando que o ruído “é infelizmente constante”.
Apesar das condições descritas, Sarkozy rejeita a ideia de que o período de reclusão o tenha quebrado. Pelo contrário, escreve que “tal como no deserto, a vida interior fortalece-se na prisão”, sugerindo que a solidão e o isolamento contribuíram para um processo de introspeção pessoal.
Durante a detenção, Sarkozy, atualmente com 70 anos, esteve separado do resto da população prisional. Para garantir a sua segurança, dois dos seus seguranças foram colocados numa cela adjacente, um dispositivo invulgar mas autorizado pelas autoridades francesas dada a sua condição de ex-chefe de Estado.
Sarkozy abandonou a prisão a 10 de novembro, depois de um tribunal de recurso ter aprovado o seu pedido de libertação. A condenação que o levou a cumprir pena resultou da acusação de que teria permitido a atuação de um “colaborador próximo” e de “intermediários não oficiais” com o objetivo de obter financiamento do regime líbio para a candidatura presidencial de 2007. A sentença tornou-o o primeiro antigo Presidente francês a ser preso desde Philippe Pétain, condenado por colaboração com o regime nazi.














