Segurança da Rússia deve ser garantida em qualquer acordo de paz com a Ucrânia, avisa Moscovo
A Rússia não vê sentido num cessar-fogo fraco para congelar a guerra na Ucrânia, mas Moscovo quer um acordo juridicamente vinculativo para uma paz duradoura que garanta a segurança da Rússia e dos seus vizinhos, destacou esta quinta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov.
“Uma trégua é um caminho para lado nenhum”, salientou Lavrov, acrescentando que Moscovo suspeita que uma trégua tão fraca seria simplesmente utilizada pelo Ocidente para rearmar a Ucrânia. “Precisamos de acordos legais finais que estabeleçam todas as condições para garantir a segurança da Federação Russa e, claro, os legítimos interesses de segurança dos nossos vizinhos”, apontou, acrescentando que Moscovo queria que os documentos legais fossem redigidos de forma a garantir “a impossibilidade de violar estes acordos”.
Recorde-se que Vladimir Putin mostrou-se aberto, no mês passado, a discutir um acordo de cessar-fogo na Ucrânia com Donald Trump, descartado fazer quaisquer concessões territoriais importantes e insistindo que Kiev abandone as ambições de aderir à NATO – negou no entanto, por falta de condições, iniciar negociações com as autoridades ucranianas.
Segundo Putin, os combates [na Ucrânia] eram complexos, pelo que era “difícil e inútil adivinhar o que está para vir. Estamos a avançar, como disse, no sentido de resolver as nossas tarefas principais, que delineámos no início da operação militar especial.”
Já Donald Trump referiu, no passado domingo, que Putin queria encontrar-se com ele, uma afirmação que a Rússia negou, afirmando que não houve contactos com a nova administração Trump.
O enviado de Trump à Ucrânia, o tenente-general reformado Keith Kellogg, viajará para Kiev e várias outras capitais europeias no início de janeiro, enquanto a próxima administração tenta pôr um fim rápido à guerra Rússia-Ucrânia, de acordo com duas fontes com conhecimento do planeamento da viagem. “Espero realmente que a administração de Trump, incluindo Kellogg, se envolva nas causas profundas do conflito. Estamos sempre prontos para consultas”, concluiu Lavrov.