Reino Unido: De cortes fiscais ao combate à imigração, os programas dos partidos

Reduções de impostos, investimento em serviços públicos, construção de habitação, combate à imigração e aposta nas novas energias destacam-se nos programas eleitorais dos principais partidos candidatos às eleições legislativas de quinta-feira no Reino Unido.

Na véspera de umas eleições em que o Partido Trabalhista se apresenta como favorito, com uma clara liderança nas sondagens, eis alguns pontos essenciais sobre os programas partidários das principais formações políticas:

Partido Conservador

No Governo há 14 anos e reconhecendo que “nem sempre fez tudo bem”, o primeiro-ministro e líder do Partido Conservador, Rishi Sunak, fez da política fiscal e da imigração as suas principais bandeiras, prometendo “medidas ousadas”.

Os conservadores planeiam reduzir a contribuição para a Segurança Social em mais 2% até 2027, para além dos 4% já reduzidos este ano, e abolir o mesmo imposto para os trabalhadores independentes.

O partido no poder também prometeu aos reformados que a pensão de reforma do Estado deixará de ser tributada como rendimento.

O Partido Conservador promete no programa construir 1,6 milhões de novas casas nos próximos cinco anos, algo que não conseguiu na legislatura anterior, e incentivos financeiros e fiscais para os compradores da primeira habitação.

Na imigração, os ‘tories’ comprometem-se a assegurar um “ritmo regular de voos mensais” para o Ruanda, a partir de julho, para dissuadir a imigração ilegal e a estabelecer um teto para a migração legal.

Partido Trabalhista

O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, reconheceu que o programa do ‘Labour’ tinha poucas surpresas e “nenhum coelho tirado da cartola”, enfatizando a importância da contenção orçamental.

O Partido Trabalhista garantiu que não vai aumentar os impostos sobre o rendimento, IVA ou contribuição para a segurança social, mas quer retirar os benefícios fiscais às escolas privadas e tributar mais os habitantes sem domicílio fiscal no país.

O partido comprometeu-se a reduzir os tempos de espera no Serviço Nacional de Saúde (NHS), a recrutar mais 6.500 professores, abrir mais infantários e oferecer pequeno-almoço nas escolas primárias.

Outra das principais políticas é a criação de uma empresa pública chamada Great British Energy para investir em energia renovável e estimular a “economia verde”.

Um governo trabalhista cancelará o plano de deportações para o Ruanda do governo e em vez disso lançará o que chama de Comando de Segurança Fronteiriça para combater os grupos de tráfico de migrantes no Canal da Mancha.

Liberais Democratas

Os Liberais Democratas liderados por Ed Davey elegeram como prioridade “reparar a crise” na saúde e na assistência social.

O partido prometeu mais 8.000 médicos de família, cuidados e assistência gratuitos domiciliários para pessoas com necessidades especiais e idosos em Inglaterra, tratamentos mais rápidos para doentes com cancro ou com problemas dentários.

Para resolver o problema da falta de trabalhadores no setor dos cuidados de saúde e sociais, os ‘Lib Dems’ querem que os salários mínimos sejam mais elevados do que o valor nacional.

Relativamente à política fiscal, o partido centrista quer reduzir os impostos descongelando os escalões do rendimento individual enquanto reverte os benefícios dados aos bancos pelo Executivo anterior.

Os Liberais Democratas não falam em voltar a aderir à União Europeia (UE), antes propondo uma maior aproximação, voltando em breve ao programa de mobilidade académica Erasmus e, a longo prazo, reentrar no mercado único.

Partido Reformista (Reform UK)

Em vez de um programa, o partido anti-imigração de Nigel Farage ofereceu um “contrato” aos britânicos com “políticas de senso comum” para acabar com a imigração em massa.

A formação de direita radical quer o congelamento da imigração “não essencial”, a saída do Reino Unido da Convenção Europeia de Direitos Humanos, o abandono da meta de neutralidade de carbono até 2050 e aumentar a exploração de petróleo e gás no Mar do Norte.

Os Reformistas querem isentar de imposto os rendimentos abaixo de 20.000 libras (23.600 euros), eliminar o imposto sucessório sobre habitações até dois milhões de libras (2,4 milhões de euros) e suprimir o IVA das faturas de energia.

O ‘Reform UK’ propõe ainda realizar um referendo para substituir o sistema de maioria simples (“first-past-the-post”) por representação proporcional, método também favorecido pelos Liberais Democratas e Verdes.

Verdes

O partido ambientalista apresentou um programa “para um País mais Justo e Mais Verde”, onde os britânicos se sintam “mais seguros, mais felizes e mais satisfeitos”.

O partido é o mais ambicioso em termos ambientais, propondo acelerar a neutralidade carbónica até 2040 o mais tardar, desenvolvendo as energias renováveis e cobrando mais impostos sobre os combustíveis fósseis.

O partido de esquerda está disposto a gastar mais 50 mil milhões de libras (59 mil milhões de euros) por ano nos serviços de saúde e de cuidados sociais públicos até 2030 e investir 20 mil milhões de libras (23,5 mil milhões de euros) na modernização de hospitais e centros de saúde.

Para pagar esta despesa, os Verdes propõem um imposto anual de 1% sobre a riqueza para pessoas com património superior a 10 milhões de libras (12 milhões de euros) e de 2% sobre património acima de mil milhões de libras (1,2 mil milhões de euros).

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