A Ucrânia tem sido palco de intensos combates desde há três anos, com a invasão de Vladimir Putin ao país vizinho. As forças russas têm expandido lentamente a quantidade de território sob seu controlo ao longo do último ano, principalmente no leste da Ucrânia. Mas as forças ucranianas têm dificultado ao máximo esses avanços e realizaram uma contraofensiva no território russo.
Em que pé está a situação?
No leste da Ucrânia, a máquina de guerra de Moscovo tem avançado, quilómetro a quilómetro, pelos vastos campos do Donbass, engolindo localidades e cidades. A maior vantagem de Putin é o enorme contingente das Forças Armadas russas, que têm demonstrado disposição para lançar ‘carne para canhão’ contra as posições ucranianas para conquistar alguns metros de cada vez.
De acordo com os especialistas do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), era expectável que as forças russas se concentrassem em tomar cidades e vilas ucranianos na linha de frente durante o inverno – recentemente, tomaram a cidade de Kurakhove e continuaram a avançar para o nordeste, em direção à cidade de Pokrovsk.
O avanço russo em direção a Pokrovsk é a mudança mais notável no controlo da linha de frente perto de Donetsk nos últimos meses, mas as táticas inovadoras das forças ucranianas, combinando o uso de drones e forças terrestres, impuseram perdas significativas de tropas e equipamentos russos, desacelerando a ofensiva.
No espaço de um ano, as tropas russas avançaram cerca de 40 quilómetros para oeste: a Ucrânia foi forçada a retirar-se de Avdiivka, ao norte de Donetsk, em fevereiro de 2024, após meses de combate.
Quase toda a população de Avdiivka, que antes da guerra era superior a 30 mil pessoas, deixou a cidade, que está quase completamente destruída.
Além da sua operação na frente leste, a Rússia iniciou o que o ISW descreveu como o seu “esforço secundário principal” ao cruzar a fronteira ao norte da segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv, em maio de 2024. Várias aldeias foram tomadas, e milhares de civis fugiram.
O avanço russo ocorreu no final de um período de quatro meses em que os EUA não forneceram armas para a Ucrânia, devido a um impasse no Congresso americano, que foi resolvido em abril passado. As tropas de Kiev mantiveram-se, de certa forma, firmes e, embora a cidade de Kharkiv tenha sido repetidamente atacada por bombas planadoras lançadas por aviões de guerra russos, continua fora do alcance da artilharia russa.
O leste da Ucrânia tem sido um território contestado desde 2014, quando combatentes apoiados pela Rússia tomaram grandes áreas das regiões orientais de Donetsk e Lugansk. A Rússia já havia tomado a península sul da Crimeia em fevereiro de 2014, antes de anexá-la logo depois.
A Ucrânia tomou o controlo de parte da região de Kursk, na Rússia, num ataque surpresa lançado através da fronteira por tropas ucranianas em agosto, avançando até 30 quilómetros na região russa. Quase 200 mil pessoas foram evacuadas de áreas ao longo da fronteira pelo Governo russo, e Putin condenou a ofensiva ucraniana como uma “grande provocação”.
Parte desse território foi recapturado pela Rússia, mas a Ucrânia ainda mantém tropas na região de Kursk. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky já sugeriu que o território controlado pela Rússia na Ucrânia poderia ser trocado por território tomado pela Ucrânia na região ocidental de Kursk, na Rússia, nos últimos meses, como parte de um acordo de paz.
Para perceber quem controla o quê, os britânicos da ‘BBC’ publicaram mapas, com base nas avaliações diárias publicadas pelo Instituto para o Estudo da Guerra em parceria com o Projeto de Ameaças Críticas, do American Enterprise Institute. No entanto, importa salientar que a situação na Ucrânia é dinâmica, e é provável haver momentos em que mudanças não sejam refletidas nos mapas. Veja então os mapas em baixo:
This @Reuters map depicts Russian gains in Ukraine since December 2023 using control of terrain data compiled by ISW and @criticalthreats ⬇️ pic.twitter.com/37EjquoP0f
— Institute for the Study of War (@TheStudyofWar) February 3, 2025
