Provas digitais do 9.º ano em risco? Quase 23% das escolas com problemas de ligação à Internet ou falta de equipamentos informáticos

Este ano, as provas finais do 9.º ano de escolaridade serão realizadas em formato digital, marcando uma mudança significativa no sistema de avaliação. Contudo, em 16% das 766 escolas onde estas provas terão lugar, foram reportados problemas de conectividade à Internet, enquanto 6,9% das escolas indicaram insuficiências ao nível de equipamentos informáticos.

O Ministério da Educação solicitou às escolas que identificassem as condições técnicas necessárias para assegurar não apenas as provas finais do 9.º ano, mas também as provas de monitorização da aprendizagem para os 4.º e 6.º anos. Apesar das dificuldades reportadas, a maioria das escolas acredita que possui condições adequadas para realizar as provas sem grandes contratempos tecnológicos.

Em resposta às preocupações levantadas, o Ministério da Educação garantiu ao jornal Público que foram adquiridos hotspots para todos os alunos que realizarão as provas digitais este ano, bem como para cada sala de aula onde estas terão lugar. Além disso, os serviços do Ministério da Educação e Ciência (MECI) irão acompanhar as escolas para assegurar que as condições necessárias estão reunidas.

Os problemas de conectividade e as avarias frequentes nos equipamentos informáticos têm sido queixas recorrentes por parte das direções escolares e das famílias. Em dezembro de 2024, o ministério revelou que as escolas identificaram a necessidade de reparar ou adquirir 45.024 computadores, tendo alocado uma verba de dez milhões de euros para colmatar estas lacunas.

Ensaios técnicos para evitar problemas
Entre os dias 10 e 28 de fevereiro, serão realizadas provas-ensaio destinadas a testar a infraestrutura tecnológica e a preparar as escolas para as provas finais do 9.º ano e as provas de monitorização da aprendizagem nos 4.º e 6.º anos. Estas sessões são organizadas pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) e pelo Júri Nacional de Exames, que já realizaram várias reuniões técnicas com as escolas para fornecer informações e orientações.

De acordo com o Ministério da Educação, um guião e uma nota informativa serão enviados às escolas para facilitar a realização das provas-ensaio. “As escolas poderão escolher o momento mais conveniente para a aplicação das provas, tornando o processo mais simples e flexível”, refere a tutela. As provas terão a duração de 45 minutos, podendo ser realizadas durante um período letivo, e os resultados poderão ser utilizados para a classificação interna dos alunos, se as escolas assim o desejarem.

Estas provas-ensaio têm como principal objetivo identificar e corrigir questões técnicas e organizacionais antes das provas finais, previstas para o final de maio e início de junho. Pretendem ainda garantir equidade no processo de avaliação e familiarizar os alunos com o suporte digital em contexto de provas.

Além das disciplinas de Português e Matemática, os alunos do 4.º ano serão avaliados em Inglês e os do 6.º ano em História e Geografia de Portugal. O Ministério da Educação informou que a inclusão de disciplinas adicionais será rotativa nos próximos anos.