A partir de 7 de julho, a Polónia irá restabelecer temporariamente controlos nas fronteiras com a Alemanha e a Lituânia, numa medida anunciada esta terça-feira pelo primeiro-ministro polaco, Donald Tusk. A decisão surge no contexto de uma crescente tensão política interna sobre a questão migratória e alinha-se com uma tendência observada noutros países da União Europeia, que têm vindo a reintroduzir verificações fronteiriças para combater a migração irregular.
Tusk, líder de um governo liberal, justificou a medida como uma resposta à necessidade de travar os fluxos não controlados de migrantes através da fronteira com a Alemanha. “Consideramos que a reintrodução temporária de controlos é necessária para reduzir ao mínimo os fluxos descontrolados de migrantes na fronteira polaco-alemã”, afirmou durante uma reunião do executivo.
A decisão de Varsóvia ocorre num momento em que o debate sobre migração se intensifica no país. Partidos da oposição nacionalista têm acusado o governo de ser permissivo face aos migrantes irregulares que, alegadamente, são devolvidos pela Alemanha. Embora o executivo rejeite a acusação e sublinhe que os números são limitados, a pressão da extrema-direita tem vindo a crescer, ao ponto de grupos radicais estarem já a organizar patrulhas informais na fronteira ocidental.
Também a Alemanha tem mantido controlos temporários nas suas fronteiras. O chanceler alemão, Friedrich Merz, declarou esta terça-feira que, embora o objetivo seja preservar o espaço Schengen — que garante a livre circulação de pessoas dentro da UE —, esse sistema “só pode funcionar se não for abusado por criminosos que traficam migrantes”. Merz acrescentou ainda que “sabemos que o governo polaco também quer impor controlos fronteiriços com a Lituânia para limitar as passagens ilegais vindas daquele país. Temos aqui um problema comum que queremos resolver em conjunto”.
A fronteira oriental da Polónia tem sido um foco de tensão desde 2021, altura em que Varsóvia acusou a Bielorrússia e a Rússia de orquestrarem uma “crise migratória” com fins desestabilizadores. Ambas as capitais, Minsk e Moscovo, negam qualquer envolvimento na facilitação de travessias ilegais.
A medida agora anunciada por Donald Tusk reforça a tendência de endurecimento das políticas de controlo fronteiriço no espaço europeu, mesmo entre países que, como a Polónia e a Alemanha, fazem parte do acordo de Schengen. Ainda assim, Tusk sublinhou que os controlos terão caráter temporário e visam garantir a segurança nacional e o respeito pelas normas europeias, num momento em que o tema da migração continua a dividir profundamente a opinião pública e o panorama político no continente.
