A tradicional troca de chocolates na Páscoa poderá pesar mais no bolso dos consumidores este ano. Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), o preço do cacau registou um aumento significativo de 189% ao longo do último ano, o que influenciou diretamente o custo do chocolate, tanto em barra como nos bombons e ovos típicos da época.
A escalada dos preços está ligada sobretudo à queda acentuada na produção das duas maiores regiões exportadoras de cacau do mundo: a Costa do Marfim e o Gana, responsáveis por cerca de 60% da oferta mundial da matéria-prima. A diminuição das colheitas nestes países gerou um desequilíbrio entre a oferta e a procura, contribuindo para a valorização do produto. A procura sazonal, habitual nesta altura do ano, agrava ainda mais a situação, pressionando os preços finais.
Face ao cenário inflacionista, Luciana Ballesteros, diretora da consultora Financial Experts e especialista em finanças pessoais, alerta para a importância de um consumo consciente e planeado. “A Páscoa tem um forte apelo emocional, o que influencia bastante as decisões de compra, especialmente quando se trata de presentear crianças. Por isso, é importante evitar compras por impulso e pesquisar preços em diferentes locais”, aconselha a especialista.
Ballesteros sublinha que há casos em que o mesmo produto pode ser encontrado em estabelecimentos distintos com uma variação de preço superior a 50%. “A diferença é significativa e pode fazer toda a diferença para quem pretende economizar”, reforça.
Um exemplo claro dessa discrepância pode ser observado na comparação entre o custo de ovos e barras de chocolate. Um ovo de chocolate ao leite com pedaços de castanha-do-Pará, com 350g, pode custar R$69,99 no mercado brasileiro. A versão em barra do mesmo chocolate, com 85g, é vendida por R$9,99. Com o valor de um único ovo, seria possível adquirir cerca de 595g em barras — quase o dobro da quantidade, por um preço equivalente.
Para quem não abdica do tradicional ovo de chocolate, a especialista sugere uma estratégia simples e eficaz: adiar a compra. “No dia seguinte à Páscoa, os preços podem baixar entre 30% e 50%, devido ao excesso de stock que os estabelecimentos tentam escoar para evitar perdas”, explica Ballesteros. Como alternativa simbólica, recomenda-se oferecer uma barra de chocolate no dia da celebração, deixando o presente maior para alguns dias depois, já com desconto.
A combinação entre inflação, quebra na produção internacional e o apelo emocional do feriado exige mais do que nunca uma postura racional por parte dos consumidores. Num ano em que a Páscoa se apresenta mais salgada do que doce, o planeamento e a pesquisa continuam a ser os melhores aliados do bolso.














