Número de utentes sem médico de família atinge novo recorde com mais 25 mil pessoas sem cobertura num mês

Há agora 1.669.695 pessoas sem médico atribuído, o que representa um aumento de 24.886 utentes face a maio — uma subida de 1,5%. Em comparação com junho do ano passado, são mais 64.738 pessoas sem cobertura, traduzindo-se num crescimento de 4%.

Revista de Imprensa
Julho 22, 2025
9:37

O número de utentes sem médico de família em Portugal voltou a crescer de forma significativa no mês de junho, atingindo o valor mais elevado de 2025. De acordo com dados divulgados pelo Jornal de Notícias (JN) com base no Portal do SNS, há agora 1.669.695 pessoas sem médico atribuído, o que representa um aumento de 24.886 utentes face a maio — uma subida de 1,5%. Em comparação com junho do ano passado, são mais 64.738 pessoas sem cobertura, traduzindo-se num crescimento de 4%.

A situação está a agravar-se mesmo sem que haja um aumento proporcional no número de novos inscritos nos cuidados de saúde primários. Em junho, estavam registados 10.601.790 utentes no sistema, apenas mais 21.939 do que no mês anterior (um acréscimo de 0,2%) e mais 206.759 do que em junho de 2024 (mais 2%). No entanto, entre janeiro e junho deste ano, o número de pessoas sem médico de família aumentou em 105.493, superando os 86.862 novos inscritos nos centros de saúde no mesmo período.

A falta de médicos de família é agravada por fatores estruturais, nomeadamente a saída anual de centenas de especialistas de Medicina Geral e Familiar, muitos por aposentação, outros por migração para o setor privado ou para o estrangeiro. Estas saídas não têm sido devidamente compensadas por novas contratações, o que alimenta o desequilíbrio entre a oferta e a procura. A ministra da Saúde já admitiu falhas no processo de recrutamento. Em 2024, o concurso da época normal, então da responsabilidade das Unidades Locais de Saúde (ULS), permitiu apenas o preenchimento de 255 vagas, um número que ficou aquém das necessidades.

Este ano, o concurso voltou a ser centralizado, mas os resultados preliminares não foram mais animadores: das 585 vagas abertas em abril, só 231 foram preenchidas. Após a fase de assinatura dos contratos, foi concedida às ULS a possibilidade de contratar diretamente para as vagas que ficaram por ocupar, mas os dados finais desse processo ainda não foram revelados pela Administração Central do Sistema de Saúde.

A região mais afetada continua a ser Lisboa e Vale do Tejo, onde em junho havia 1.130.229 utentes sem médico de família, representando cerca de 68% do total nacional. No restante território, a distribuição de utentes descobertos foi a seguinte: Região Centro com 218.178, Norte com 121.828, Algarve com 110.285 e Alentejo com 89.175.

O crescente número de portugueses sem acesso a um médico de família representa um dos principais desafios do Serviço Nacional de Saúde em 2025, num contexto de sobrecarga dos cuidados primários, envelhecimento dos profissionais e dificuldades na retenção de novos médicos.

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