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Com Portugal a atravessar uma intensa onda de calor, que promete fazer disparar os termómetros para além dos 40 °C em várias regiões nos próximos dias, o descanso noturno está a tornar-se um verdadeiro desafio.

Pedro Gonçalves
Junho 29, 2025
10:00

O lado obscuro do hábito: levar o telemóvel para a casa de banho pode ser um risco grave para a saúde
Levar o telemóvel para a casa de banho é um hábito enraizado no quotidiano de milhões de pessoas. Seja para ler notícias, enviar mensagens ou navegar nas redes sociais, o dispositivo acompanha-nos até mesmo nos momentos mais íntimos. No entanto, este comportamento aparentemente inofensivo pode representar um risco grave para a saúde, segundo alertam especialistas em microbiologia.

A professora Primrose Freestone, docente de microbiologia clínica na Universidade de Leicester, sublinha que os telemóveis se transformam facilmente em focos de contaminação quando são utilizados na casa de banho, acumulando microrganismos potencialmente perigosos. “O telemóvel acaba inevitavelmente por se contaminar. Desinfetá-lo regularmente é uma boa prática”, afirmou em declarações ao MailOnline. “Eu própria passo uma toalhita desinfetante no meu Nokia duas vezes por semana.”

Um esconderijo para bactérias perigosas
Entre os microrganismos que podem colonizar os telemóveis estão bactérias fecais como a Escherichia coli (E. coli) — responsável por casos de diarreia intensa e cólicas abdominais — e a Pseudomonas, que pode causar infeções sanguíneas e respiratórias. Mesmo depois de lavar bem as mãos com sabão, o contacto com um telemóvel contaminado pode anular o esforço de higiene, reintroduzindo as bactérias nas mãos.

“Os telemóveis são objetos de contacto frequente, tal como puxadores de portas, interruptores de luz ou torneiras. Estão, por isso, sujeitos à acumulação de bactérias, e deviam ser desinfetados com muito mais frequência do que é habitual”, acrescenta Freestone.

Segundo a especialista, a melhor forma de o fazer é com toalhitas de álcool a 70% ou, em alternativa, com uma mistura leve de sabão e água — desde que o aparelho seja resistente à humidade. Submergir o telemóvel ou utilizar lixívia está fora de questão.

O perigo invisível da sanita
O maior foco de contaminação, explica Freestone, está naquilo a que os cientistas chamam de “pluma da sanita” — uma nuvem de gotículas microscópicas que se liberta no ar sempre que a sanita é puxada, e que pode conter matéria fecal e bactérias.

Investigadores da Universidade do Colorado Boulder, nos EUA, demonstraram que esta pluma pode percorrer até 1,5 metros de distância em apenas oito segundos após o ato de descarga, contaminando superfícies como o chão, paredes, tampas de sanita, suportes de papel higiénico e até janelas ou prateleiras.

Pior ainda: fechar a tampa da sanita antes de puxar o autoclismo não impede totalmente a libertação da pluma. Estudos sugerem que pequenas partículas continuam a escapar, tornando quase toda a área envolvente um ambiente propício à contaminação bacteriana.

“Não importa o tipo de casa de banho ou onde se encontra no mundo — haverá bactérias fecais em muitas superfícies. Desde o sabonete ao lavatório, passando pelos tapetes e puxadores, a lista de locais contaminados é longa”, afirmou Freestone.

Onde pousa o telemóvel… importa
Pousar o telemóvel no chão da casa de banho é, segundo a cientista, uma das piores decisões possíveis. “O chão à volta da sanita — se não for desinfetado regularmente — terá resíduos de fezes com bactérias intestinais, que podem sobreviver durante horas ou até dias”, explicou. Colocar o telemóvel diretamente nesse local aumenta exponencialmente o risco de contaminação.

Mesmo lugares aparentemente inócuos, como o tampo da cisterna, o parapeito da janela ou uma prateleira, não estão livres de riscos, pois também podem ser atingidos pela pluma de partículas.

E se for mesmo necessário levar o telemóvel?
A professora reconhece que a separação do telemóvel pode ser difícil, mesmo que por breves instantes. Em situações excecionais — como quando se espera uma chamada urgente — o mais seguro será manter o aparelho no bolso durante todo o tempo, sem o manusear.

O mais sensato, reforça, seria manter o telemóvel fora da casa de banho em absoluto, prevenindo assim qualquer transferência de bactérias da sanita para o dispositivo.

O papel higiénico também tem o seu debate
Curiosamente, a professora Freestone também partilhou a sua opinião sobre uma questão clássica: papel higiénico deve sair por cima ou por baixo do rolo? Segundo ela, a posição “por cima” — em que a próxima folha está virada para o utilizador — é preferível por razões de higiene, uma vez que reduz o contacto com a parede e outras superfícies contaminadas.

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