‘Mistério’ com adiamento de viagem de enviado especial de Trump para a Ucrânia a Kiev. Só vai acontecer após tomada de posse

O enviado especial de Donald Trump para a Ucrânia, Keith Kellogg, adiou a sua viagem a Kyiv, que estava inicialmente prevista para o início de janeiro, para uma data posterior à tomada de posse do presidente eleito, marcada para 20 de janeiro. A informação foi avançada pela agência Reuters, que cita quatro fontes anónimas com conhecimento do planeamento da visita.

A nomeação de Kellogg, um tenente-general reformado do Exército dos EUA e antigo conselheiro de segurança nacional interino, foi recebida com agrado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, que, em novembro, descreveu a sua missão como “importante”. A sua visita a Kyiv, bem como a reuniões planeadas em cidades como Paris e Roma, tinha como objetivo discutir o caminho para um cessar-fogo no conflito que já dura há quase três anos.

Promessa de Trump: fim do conflito em 24 horas

Donald Trump, que regressa ao poder após a vitória nas eleições de novembro, afirmou repetidamente que conseguirá pôr fim à guerra na Ucrânia “em apenas um dia”. Esta promessa, porém, tem gerado ceticismo entre especialistas e oficiais, que consideram o prazo de 24 horas irrealista, embora reconheçam que Trump fará esforços significativos no início do seu mandato para assegurar um cessar-fogo.

Durante um evento na CNN em maio de 2023, Trump reiterou o seu compromisso, dizendo: “Eles estão a morrer, russos e ucranianos. Quero que parem de morrer. E vou conseguir isso em 24 horas.”

Oficiais em Kyiv e países da NATO próximos da Rússia estão preocupados com a possibilidade de um cessar-fogo mediado por Trump prejudicar a Ucrânia e enfraquecer a posição dos aliados na região. A relação de Trump com o presidente russo Vladimir Putin e o líder ucraniano Volodymyr Zelensky é vista como um fator que pode influenciar as negociações.

Zelensky, a 3 de janeiro de 2025, descreveu Trump como “forte e imprevisível”, acrescentando que acredita que o presidente eleito “quer realmente acabar com a guerra”.

Planos de Kellogg e a estratégia dos EUA

Kellogg coautorizou um relatório entregue a Trump no verão de 2024, delineando um possível caminho para acabar com a guerra, caso os republicanos vencessem as eleições. O plano propunha condicionar a ajuda militar dos EUA à Ucrânia à participação em negociações de paz, enquanto alertava Moscovo que os EUA aumentariam o apoio a Kyiv se o Kremlin se recusasse a negociar.

Em abril de 2024, Kellogg também participou na elaboração de um documento para o America First Policy Institute, defendendo que os EUA deveriam buscar um cessar-fogo e um acordo negociado para o conflito na Ucrânia, mantendo o fornecimento de armas a Kyiv como dissuasão contra futuros ataques russos.

Com a posse de Trump a aproximar-se, continuam as preparações e conversações nos bastidores sobre o conflito na Ucrânia. Resta saber se Trump e a sua equipa conseguirão cumprir a audaciosa promessa de pôr fim à guerra, como assegurou durante a campanha e após a vitória eleitoral.