As Forças Armadas do Irão vão dar início uma série de exercícios militares de grande escala, num claro sinal de preparação para um possível conflito, à medida que as tensões com Israel e os Estados Unidos aumentam devido ao programa nuclear iraniano. As manobras militares ocorrem num momento em que os EUA realizaram sobrevoos estratégicos com bombardeiros B-52 no Médio Oriente pelo segundo dia consecutivo, numa demonstração de força que evidencia a crescente instabilidade na região.
Especialistas ouvidos pela Newsweek, acreditam que as defesas do Irão estão no seu ponto mais vulnerável em décadas, devido, em grande parte, às ações israelitas que enfraqueceram a rede regional de Teerão e degradaram significativamente a sua capacidade de defesa aérea e de produção de mísseis.
Embora o presidente dos EUA, Donald Trump, tenha manifestado preferência por uma abordagem diplomática, a intensificação da presença militar norte-americana na região indica uma disposição para uma possível escalada.
Exercício “Zolfaghar 1403”
O Irão ira dar este sábado início a um exercício militar de grande escala denominado “Zolfaghar 1403”, que decorre desde o sudeste do país até ao norte do oceano Índico. As manobras, lideradas pelo Exército iraniano, envolvem forças terrestres, defesa aérea e forças navais.
Embora esta operação seja conduzida pelo Exército, o Irão tem realizado recentemente exercícios conjuntos entre o Exército e a Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), com um foco específico na proteção de instalações nucleares estratégicas, como Natanz e Fordow.
O almirante Habibollah Sayyari, comandante dos exercícios, deixou um aviso claro sobre a resposta iraniana a qualquer ataque. “Qualquer inimigo que pense que pode prejudicar os nossos interesses por terra, ar ou mar certamente sofrerá grandes danos”, afirmou. As manobras militares deverão prolongar-se até meados de março.
Israel vê Irão vulnerável após ataques aéreos
Segundo informações dos serviços de inteligência dos EUA, citadas pelo The Washington Post, Israel considera que o Irão se encontra particularmente vulnerável após os ataques aéreos de outubro, que reduziram significativamente a capacidade de defesa aérea de Teerão.
Em paralelo, os EUA aumentaram a sua atividade militar na região. De acordo com um comunicado do Comando Central dos EUA (CENTCOM), bombardeiros estratégicos B-52 realizaram o seu segundo voo sobre o Médio Oriente em 48 horas, demonstrando as capacidades de “projeção de força” de Washington.
Para Negar Mortazavi, investigadora do Center for International Policy, Teerão está a enviar dois sinais distintos. “O Irão parece estar a transmitir duas mensagens: que está pronto para negociar um acordo com Trump, mas também que está forte e preparado para se defender contra ataques militares”, afirmou à Newsweek.
Com o aumento da atividade militar iraniana e a presença reforçada das forças dos EUA na região, o Médio Oriente mantém-se num estado de elevada tensão, enquanto Teerão demonstra a sua disposição para enfrentar potenciais ameaças externas.














