Hamas, mas não só: Quem são os inimigos de Israel que se podem juntar à guerra?
Mantém-se há já mais de uma semana a escalada no conflito entre Hamas e Israel, com o exército israelita a preparar-se para uma grande ofensiva terrestre que está iminente da Faixa de Gaza. Mais do que nunca, parece que a situação ameaça tornar-se numa grande guerra regional, com várias frentes em várias fronteiras do país.
Hossein Amir-Abdollahian, ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, reuniu-se com o enviado especial da ONU para o Médio Oriente Tor Wennesland, em Beirute, alertando que o país prefere evitar a escalada de violência e envolvimento na guerra, mas que não terá escolha senão intervir caso a operação israelita em Gaza continue.
Não ficou ainda claro de que forma a intervenção se manifestará, mas há várias organizações e milícias na região que podem ter um papel na guerra contra Israel. Segundo o El Mundo, são estes os grupos e organizações inimigos de Israel, e que se podem juntar à ofensiva, ao lado do Hamas (com ou sem apoio do Irão).
Hamas – Fundado em 1987, como um braço armado da fação palestiniana da Irmandade Muçulmana, o nome deste grupo significa Movimento de Resistência Islâmica. Ganhou maior destaque durante os ataques terroristas que levou a cabo em cidades israelitas em 1990 e no início deste século, bem como pelos 11 dias de confronto em 2021. Recebe financiamento do Hezbollah e do Irão, no chamado ‘Eixo da Resistência’ contra Israel. Tem os seus lideres, nos últimos meses, a fazerem muitas viagens ao Líbano, o que indica coordenação crescente com outras organizações aliadas. Conta ainda com apoio indireto de países como o Qatar ou a Turquia, onde vivem exilados alguns dos líderes do grupo. Conta com 10 mil combatentes ativos e uma misteriosa rede de túneis, que é um dos principais objetivos á operação terrestre de Israel. Os seus estatutos de fundação estabelecem a rejeição do estado de Israel e exigem a instalação de uma teocracia baseada na lei islâmica no território histórico da Palestina.
Jihad Islâmica Palestiniana – O segundo grupo mais importante entre os que se opõe à existência de Israel, integra o Eixo da Resistência, recebendo apoio do Irão e da síria, e mantendo proximidade com o Hezbollah. Acredita-se que já tenha participado, na semana passada, em alguns ataques. Foi fundada em 1981, após a revolução iraniana, e segue a ideologia do regime de Teerão, quanto à sua estratégia de expansão. Tem cerca de 15 mil combatentes e é liderada por Ziad Nakaleh. Tem bases em Gaza, na Cisjordânia ou no Líbano.
Cova dos Leões – É uma das mais recentes milícias palestinianas de orientação secular e que não está ligada a nenhum partido político, colhendo de grande popularidade entre as camadas mais jovens. Muito bem organizado e com armas, provenientes do contrabando na Jordânia e de transferências de outras organizações. Os membros, todos na casa dos 20 anos, dominam as redes sociais e a Web, sendo verdadeiras ‘superestrelas’ em território palestiniano. Como não têm laços a organizações políticas, torna-se difícil negociar com elementos do grupo através das técnicas convencionais.
Mártires de Al Aqsa e outras milícias palestinianas – As chamadas Brigadas dos Mártires de Al Aqsa são o grupo mais ativo do Tanzim, o braço armado da Fatah, fação palestiniana oposta ao Hamas. É uma organização bastante descentralizada e composta por voluntários. O líder, Marwan Barghuti, foi preso em 2002 e o grupo perdeu alguma influência. Mantém um perfil discreto, mas continua a ter grande força, principalmente em campos de refugiados como os de Balata ou Nablus. Caso o conflito com Israel alastre para a Cisjordânia, e organização deverá participar das hostilidades contra Jerusalém. Devido à idade de alguns membros (mais jovens) é comum associar-se a Cova dos leões, partilhando algumas operações conjuntas. Há ainda uma série de outas pequenas milícias palestinianas que podem vir a participar (ou até já estarão envolvidas) no conflito, como as como as Brigadas de Resistência Nacional da Frente Democrática para a Libertação da Palestina ou as Brigadas Mujahideen.
Hezbollah – Um grupo de caráter xiita, sob grande influência do Irão, agindo muitas vezes como grupo ‘proxy’ do regime iraniano, desde a intervenção na Síria, a planos e operações para atacar os interesses israelitas em muitos pontos do mundo. É considerado o ator não-estatal mais bem armado em todo o mundo e um dos grupos mais inovadores no que respeita a estratégias de guerra híbrida. Possui a sua própria frota de drones, tanques, infantaria e dezenas de mísseis e outros projéteis produzidos pelo Irão. Israel calcula que apenas esta milícia tenha “130 mil rockets” apontados ao país. Liderada por Hassan Nasrallah terá entre 50 mil a 100 mil combatentes. Tem também forte influência política no Líbano, onde conta com representação parlamentar.
Milícias iranianas em outros países
Outras forças militares e milícias ligadas ao Irão, noutros países, já também manifestaram ímpeto de combater contra Israel. O Instituto para o Estudo da guerra (ISW) avisa que membros das Forças de Mobilização Popular (uma milícia xiita do Iraque) estão a chegar ao Líbano através da Síria, juntamente com elementos do Pasdaran, o Corpo da Guarda Revolucionária do Irão. Também se contam movimentos da Força Quds e de outros movimentos como os Houthis do Iémen.