Há cada vez mais militares a pagar para sair da Força Aérea, alerta chefe do Estado-Maior
Em 2024, houve 108 militares que pagaram para sair da Força Aérea, 35 dos quais pilotos, apontou esta quarta-feira o general Cartaxo Alves, que está prestes a terminar o seu mandato como chefe do Estado-Maior da Força Aérea, em entrevista ao jornal ‘Público’. O responsável militar deixou igualmente o apelo para o Governo avançar para a compra dos novos F-35.
“Os nossos F-16 têm 30 anos de operação. Temos mantido a sua operacionalidade com constantes upgrades tecnológicos ao nível dos seus equipamentos, no âmbito do grupo europeu, também formado pela Noruega, Dinamarca, Países Baixos, Bélgica, que tinha a mesma configuração da aeronave”, indicou o general, salientando que há “obviamente, a necessidade urgente na substituição da aeronave”. “Se hoje fizéssemos um contrato, a primeira aeronave só iria ser recebida daqui a oito anos porque a cadeia de produção vai demorar o seu tempo. Os nossos aviões vão voar 40 anos. Agora, daí para a frente, já não dá.” No entanto, o general Cartaxo Alves confessou-se “muito tranquilo”. “Existe um entendimento [com o Governo] sobre o assunto. Essa decisão será tomada na altura certa”, apontou, garantindo que serão necessários 27 F-35 e que deverão ser adquiridos em 2025.
No entanto, a falta de efetivos nas Forças Armadas é um problema de difícil resolução. “Neste momento, terá perto de 2 mil pessoas a menos do que aquilo de que necessitaria. A Força Aérea não tem grandes problemas de recrutamento, temos é problemas de retenção dos nossos quadros. Este anos tivemos já muitas saídas não planeadas”, indicou o general Cartaxo Alves.
“Em 2021, tivemos 17; em 2022, 35. No ano passado, 80 e este ano vamos ter 108 militares que pediram o abate ao quadro”, apontou, salientando tratar-se de elementos “de quatro áreas: pilotos (foram 35), engenheiros, controladores aéreos e médicos. E depois técnicos de manutenção, de eletrónica, técnicos de manutenção aeronáutica”.