Dos 3.181 incêndios rurais investigados no ano passado – excluindo reacendimentos -, 42% foram provocados por incendiarismo: o fogo posto foi responsável por 84% da área ardida, revelou esta quinta-feira o jornal ‘Público’. “Ao contrário do que vinha acontecendo desde 2018, o incendiarismo destacou-se como o principal responsável pela área ardida”, apontou o relatório de atividades do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais de 2024.
Apesar de ter sido o ano com o menor número de incêndios desde que há registo, houve ainda assim 16 vítimas mortais – nove operacionais – e 135 mil hectares ardidos: a GNR deteve 36 indivíduos por terem ateado fogos na floresta, tendo sido identificados 551 outros suspeitos.
Em 2024, foram registados 6.267 incêndios, menos 17% do que no ano anterior. No entanto, a área ardida foi de 137.667 hectares – quatro vezes mais do que em 2023: “92% da área ardida em 2024 foi registada em setembro”, apontou o relatório, sendo que o fogo posto esteve na origem de 84.242 hectares ardidos.
Os incêndios do último verão destruíram 2,36 milhões de metros cúbicos de madeira, “provocando prejuízos de 67 milhões de euros na floresta nacional”. “Os maiores prejuízos foram em madeira, resina e cortiça (48,5 milhões de euros), seguidos por carbono armazenado (15,8 milhões de euros), biomassa para energia (2,4 milhões de euros) e frutos (357 mil euros)”, referiu o relatório.
O Norte do país (57%) foi a mais afetada por ocorrências, sendo que metade dos terrenos que arderam em 2024 estava localizada na região Centro. Na região Norte, situou-se 48% da área ardida; na região Centro, foram sinalizadas 17% das ocorrências.
Numa análise aos últimos cinco anos, constatou-se “um sucesso coletivo na diminuição acentuada de ignições e da frequência de grandes incêndios”. No entanto, “nalgumas regiões densamente arborizadas, como o Norte e o Centro litoral, o abandono de terras e a insuficiente gestão florestal conduziram a resultados dramáticos”, principalmente, “na sequência de incêndios não extintos no ataque inicial”, apontou o documento.
No balanço, a GNR sinalizou 10.256 situações de incumprimento de gestão de combustível (uma redução de 28% face a 2023), das quais 51% se circunscreviam às freguesias tidas como prioritárias no âmbito da estratégia de prevenção dos fogos rurais. “Numa segunda fase, [a GNR] monitorizou todas essas situações, constatando que cerca de 40% não foram regularizadas, uma proporção ligeiramente superior a 2023”, indicou o relatório, salientando que “ainda assim, o grau de cumprimento voluntário da gestão de combustível atingiu 60%”.














