Explicador. Há novas regras de acesso às urgências das grávidas na região de Lisboa. O que muda, como funciona e o que deve fazer

Há novas regras para o acompanhamento de grávidas na região de Lisboa e Vale do Tejo, assim como em Leiria, que entraram em vigor hoje. O que muda?

Em que consiste?

As grávidas da Região de Lisboa e Vale do Tejo, incluindo o Hospital Distrital de Leiria, terão de ligar a partir desta segunda-feira para a Linha SNS Grávida antes de recorrerem à urgência hospitalar de Obstetrícia e Ginecologia. “Este novo modelo das urgências de Obstetrícia e Ginecologia arranca assim em fase piloto com as ULS [Unidades Locais de Saúde] da Região de Lisboa e Vale do Tejo e de Leiria e será reavaliada dentro de três meses”, adianta o Ministério da Saúde, em comunicado.

Nas portas exteriores dos serviços de urgência será afixado um cartaz com a informação: “Urgência com pré-triagem telefónica – Apenas atende situações urgentes – Antes de entrar por favor ligue: 808 24 24 24”, sendo que o atendimento telefónico será realizado pela linha SNS Grávida/Ginecologia e ficará a cargo de um enfermeiro especialista em Saúde Materna e Obstétrica.

Se a utente for alvo de triagem com a cor azul ou verde, não há assim motivo para ser avaliada por um médico na Urgência de Obstetrícia e Ginecologia, e “será orientada para o local de atendimento mais adequado (consulta aberta no hospital ou nos CSP, consulta no hospital ou nos CSP), sendo garantido o agendamento efetivo no prazo máximo de um dia útil”, refere o projeto lei.

Medida em vigor desde junho

Desde que entrou em funcionamento o Plano de Emergência e Transformação na Saúde, apresentado pelo Governo, em junho último, que a medida está em vigor: desde então, ficou disponível a Linha SNS Grávida — acessível através do mesmo número do SNS 24 (808 24 24 24) — para encaminhá-las para a urgência de ginecologia/obstetrícia mais próxima.

Foi justificada pelo facto de no verão terem-se voltado a registar dificuldades de funcionamento, devido à falta de especialistas para preencher as escalas, o que levou ao encerramento parcial ou constrangimentos do serviço.

O novo modelo vai ser testado ao longo de três meses.

Qual a necessidade?

Retirar situações não urgentes das urgências de Obstetrícia e Ginecologia: racionalizar a procura de cuidados de saúde e assim evitar constrangimentos, canalizando para os locais mais apropriados. Este problema foi sobretudo sentido no verão em Lisboa e Vale do Tejo, mas estendeu-se aos hospitais de Leiria e da região Oeste, onde é recorrente a pressão nas urgências.

Em que regiões vai estar em vigor?

Para já, no conjuntos de hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo, à exceção das unidades da Península de Setúbal – são eles: Garcia de Orta (Almada), São Bernardo (Setúbal) e hospital do Barreiro.

Juntaram-se ainda, a título voluntário, o Hospital de Gaia, Centro Materno Infantil do Norte e Hospital de Portalegre. Mediante alguns critérios, a medida pode alargar-se a outros hospitais do resto do país.

Para tal, devem ter consulta aberta para situações obstétricas e ginecológicas em horário adaptável à procura, em funcionamento todos os dias úteis; terem um mecanismo de agendamento célere de uma consulta aberta hospitalar, ou nos cuidados de saúde primários.

Quem faz a pré-triagem telefónica?

Enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica: os hospitais usarão os mesmos algoritmos da Linha SNS Grávida na triagem presencial da urgência. Podem ainda criar uma pré-triagem telefónica própria, sempre em articulação direta com o SNS Grávida.

Há no entanto exceções, como os casos de risco iminente de vida: perda de consciência, convulsões, dificuldade respiratória, hemorragia abundante, traumatismo grave ou dores muito intensas.