Estas são as armas nucleares e hipersónicas com as quais Putin ameaça o Ocidente: o arsenal que pode “acabar com a civilização”

Putin foi bastante claro, durante o discurso do Estado da Nação, perante o Parlamento russo: a Rússia possui armas nucleares “capazes de destruir a civilização”. Desde o início do conflito na Ucrânia, o presidente russo realizou várias ameaças veladas, mas nenhuma com tanta firmeza sobre o potencial dano das armas nucleares contra o Ocidente.

Num mundo onde a paz está por um fio cada vez mais ténue, as capacidades militares da Rússia, especificamente o seu arsenal nuclear e hipersónico, são um ponto de viragem na estratégia defensiva e ofensiva global. De acordo com a revista ‘Newsweek’, as profundezas do arsenal russo dizem muito sobre a sua capacidade destrutiva, mas também as implicações geopolíticas que acarreta.

Mas em que consiste o arsenal à disposição de Vladimir Putin?

Energia nuclear russa

O arsenal nuclear da Rússia não é segredo para o mundo. Com uma estimativa de 5.889 ogivas nucleares, das quais 1.400 estão em processo de desmantelamento, o foco muda para os mísseis balísticos intercontinentais.

Esses projéteis, alguns capazes de atingir velocidades hipersónicas, podem varrer cidades inteiras do mapa, uma capacidade destrutiva que ultrapassa em centenas de vezes a das bombas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki.

Além disso, a Rússia desenvolveu torpedos subaquáticos como o Poseidon, capaz de gerar tsunamis radioativos, e armas espaciais que poderiam desestabilizar as comunicações globais, de acordo com fontes russas.

Ameaça hipersónica

No campo da velocidade hipersónica, a Rússia apresentou ao mundo o Zircon e Kinzhal. O primeiro é capaz de voar nove vezes a velocidade do som, já e o segundo é um míssil lançado de um MiG-31, que marcou o primeiro uso de armamento hipersónico em conflitos.

Estas tecnologias representam um desafio significativo para os atuais sistemas de defesa, dada a sua capacidade de manobrar e escapar às contra-medidas existentes.

3M-54 Kalibr

O 3M-54 Kalibr representa um pilar fundamental na estratégia ofensiva da Rússia, não só pela sua versatilidade, mas também pela frequência com que tem sido utilizado em conflitos recentes.

Capaz de ser lançado a partir de submarinos, navios e plataformas terrestres, este míssil ganhou uma reputação dramática pela sua capacidade de atingir uma vasta gama de alvos com uma precisão devastadora. No seu design estão incorporados estágios que permitem atingir velocidades supersónicas na aproximação final ao alvo, fator chave que dificulta a sua intercetação pelos sistemas de defesa inimigos.

A sua utilização intensiva no contexto da guerra na Ucrânia demonstrou a dependência da Rússia deste sistema de armas para a projeção do seu poder militar para além das suas fronteiras. A capacidade do Kalibr de transportar ogivas convencionais e nucleares acrescenta uma camada adicional de dissuasão, mantendo os adversários da Rússia em suspense com a incerteza da sua potencial utilização.

No entanto, este míssil tem as suas fraquezas, uma vez que os relatórios indicam uma taxa significativa de fracasso em atingir os seus alvos, levantando questões sobre a sua fiabilidade em operações prolongadas.

Objekt 4202 Avangard

O Objekt 4202 Avangard é considerado o epítome da inovação na tecnologia de mísseis hipersónicos, posicionando-se como uma das armas mais avançadas do arsenal russo.

Esta plataforma planadora, concebida para ser montada em mísseis balísticos intercontinentais, destaca-se pela sua capacidade de manobrar em altitudes extremamente elevadas a velocidades superiores a Mach 20. Esta característica confere-lhe uma vantagem única em termos de evasão de defesas antimísseis, sendo capaz de seguir trajetórias imprevisíveis em direção ao seu objetivo.

3M22 Zircon

O já mencionado míssil hipersónico está na vanguarda da corrida armamentista para desenvolver armas que possam superar as defesas existentes com velocidade e manobrabilidade sem precedentes.

Revelado por Putin em 2018, o Zircon tem sido alvo de especulação e fascínio devido à sua capacidade de atingir velocidades de até Mach 9, permitindo atingir alvos a mais de 1.000 quilómetros de distância.

A sua integração em plataformas navais e a possibilidade de lançamentos a partir de submarinos transformam significativamente o paradigma da guerra naval, oferecendo à Rússia uma capacidade de ataque de longo alcance e alta precisão.

A capacidade deste míssil ser lançado a partir de diferentes plataformas confere-lhe uma versatilidade estratégica que, aliada à sua velocidade hipersónica, torna-o um desafio formidável para qualquer adversário.

Kh-47m2 Kinzhal

O Kh-47M2 Kinzhal surge como uma das joias do arsenal hipersónico de Vladimir Putin, destacando-se pela capacidade de ser lançado a partir de aviões de combate MiG-31 contra alvos terrestres e marítimos.

Esta capacidade de lançamento aéreo dá ao Kinzhal uma flexibilidade operacional única, permitindo-lhe atacar com velocidade e precisão surpreendentes. A sua capacidade de atingir Mach 10 e o seu potencial para transportar ogivas convencionais e nucleares fazem do Kinzhal uma ferramenta de guerra estratégica e tática de poder considerável.

A utilização do Kinzhal na Ucrânia foi um marco histórico, sendo a primeira vez que uma arma hipersónica foi utilizada num conflito real.

Satan II ou Sarmat

O míssil RS-28 Sarmat, popularmente conhecido como “Satan II”, simboliza o auge da energia nuclear russa, sendo o sucessor designado do arsenal de mísseis balísticos intercontinentais do país.

Este ‘demo’ da tecnologia militar tem a capacidade para transportar múltiplas ogivas nucleares para qualquer ponto do globo e encarna o culminar de décadas de desenvolvimento de armamento estratégico. O teste bem-sucedido do Satan II, capaz de viajar 6 mil quilómetros e superar os sistemas de defesa antimísseis, reflete a ambição da Rússia de manter uma capacidade de dissuasão nuclear insuperável.

Com alcance praticamente ilimitado e possibilidade de transportar até 10 cargas atómicas, cada uma com o seu próprio sistema de orientação, este míssil é uma peça central na doutrina de defesa russa.

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