A Espanha cancelou, esta sexta-feira, o prémio nacional das touradas, o que causou fortes críticas dos conservadores devido à reação contra uma tradição centenária que é vista em certos meios como uma forma de arte, mas que tem gerado uma preocupação crescente com o bem-estar animal.
As touradas ao estilo espanhol, em que o animal geralmente acaba morto por uma espada enfiada por um toureiro, são para os defensores uma tradição cultural a ser preservada, enquanto os críticos a consideram um ritual cruel sem lugar na sociedade moderna.
A decisão do Ministério da Cultura em abolir com o prémio foi baseada “na nova realidade social e cultural em Espanha”, onde a preocupação com o bem-estar dos animais aumentaram conforme a frequência na maioria das praças de touros diminuiu.
“Acho que esse é o sentimento da maioria dos espanhóis que conseguem entender cada vez menos por que a tortura de animais é praticada em nosso país… e muito menos por que essa tortura é premiada com dinheiro público”, referiu o ministro da Cultura, Ernest Urtasun, na rede social ‘X’.
Hay una mayoría social de españoles cada vez más concienciada con el bienestar animal.
Con la supresión del Premio Nacional de Tauromaquia damos un paso importante para adaptar nuestras instituciones a la España de 2024. pic.twitter.com/BZJAw3PUPP
— Ernest Urtasun (@ernesturtasun) May 3, 2024
O prémio nacional chegava na forma de um cheque do Governo de 30 mil euros e foi concedido a toureiros famosos como Julian Lopez, conhecido como “El Juli”, ou associações culturais relacionadas à tradição tauromáquica. Mas tornou-se recentemente uma questão determinante nas guerras culturais em Espanha, colocando partidos de esquerda como o Sumar, ao qual pertence o Urtasun, contra conservadores de direita que apoiam a tradição.
Borja Semper, porta-voz do conservador Partido Popular, de oposição, salientou que a medida do Governo mostrou que “não acredita na diversidade cultural ou na liberdade” e que o seu partido restabeleceria o prémio sempre que recuperasse o poder. Já o líder do PP da região de Aragão, Jorge Azcon, salientou que iria introduzir outro prémio. “A tradição deve ser algo que nos una e não que nos divida”, explicou.
A oposição às touradas também cresceu na América Latina, para onde a tradição foi exportada no século XVI, e no sul da França, onde se espalhou no século XIX. Em Espanha, o aficionado médio das touradas envelheceu e o número de festivais de touradas caiu um terço entre 2010 e 2023.













