Drones que identificam automaticamente alvos: IA já chegou à linha de frente da guerra na Ucrânia e promete avanços, revela comandante
A integração da inteligência artificial (IA) nos drones de combate promete revolucionar o cenário militar, tornando estas aeronaves não tripuladas mais eficazes e letais. Segundo Robert Brovdi, conhecido pelo pseudónimo Madiar, comandante do regimento de sistemas aéreos não tripulados “Madiar’s Birds”, o avanço destas tecnologias é inevitável e já está em curso na Ucrânia.
Em entrevista à agência Ukrinform, Madiar destacou que a IA permitirá aos drones identificar autonomamente alvos armazenados na sua memória e diferenciar tipos de equipamento militar. “Quando a inteligência artificial for capaz de identificar alvos e distinguir diferentes tipos de equipamento, não apenas em protótipos — que já existem e são usados em combate — mas em larga escala, as consequências do uso de UAVs [veículos aéreos não tripulados] serão significativamente mais ameaçadoras”, afirmou.
Para Madiar, o desenvolvimento de drones controlados por IA marca um novo estágio na evolução destas aeronaves, que estão a tornar-se centrais nas estratégias de combate moderno.
Além da IA, soluções baseadas em fibra ótica estão a ser amplamente adotadas no campo de batalha. Estes drones, controlados por fios de fibra ótica, representam uma alternativa aos sistemas convencionais que dependem de frequências de rádio, vulneráveis a interferências de guerra eletrónica (EW).
Segundo Madiar, drones guiados por fibra ótica têm um alcance de voo que depende da capacidade de carga da aeronave. “Um drone maior pode transportar um carretel de fio de até 50 quilómetros”, explicou. Estes sistemas digitais permitem que as aeronaves recebam comandos e transmitam feedback a partir de distâncias significativas, minimizando os riscos de interferência.
Embora ainda montados manualmente, a produção em massa destes drones está iminente, sendo uma questão de tempo até que sejam amplamente escalados. “Não é uma previsão, mas uma certeza: drones analógicos controlados via rádio serão substituídos por drones guiados por fibra ótica ou protegidos contra guerra eletrónica de outras formas. A questão é qual indústria começará a produção em massa destes sistemas mais rapidamente”, apontou o comandante.
A utilização de drones com fibra ótica traz benefícios estratégicos. Por exemplo, os operadores podem controlar estas aeronaves a partir de posições mais protegidas, reduzindo a exposição a ataques. Além disso, os drones podem operar a altitudes mais baixas, sem o risco de perda de sinal ou da própria aeronave. Contudo, estes sistemas ainda não tornam os drones completamente autónomos, já que exigem pilotos humanos. “É um passo moderadamente inteligente. O operador continua essencial, mas fica menos vulnerável”, afirmou Madiar.
O Ministério da Defesa ucraniano tem investido fortemente no fornecimento de drones às forças armadas. Nos primeiros 11 meses de 2024, foram entregues mais de 1,2 milhões de drones de diferentes tipos, incluindo modelos de reconhecimento, ataque e FPV (First-Person View). Este volume reflete a importância crescente das aeronaves não tripuladas no conflito contra a Rússia.
Brovdi sublinhou que o uso de IA em drones representa um passo crucial para transformar estas aeronaves em ferramentas ainda mais sofisticadas e eficazes. Tanto a Ucrânia como a Rússia estão a trabalhar no desenvolvimento de drones resistentes a interferências eletrónicas, enquanto a evolução dos UAVs avança rapidamente em várias frentes tecnológicas.
Embora ainda haja desafios a superar, Madiar acredita que os progressos em IA e fibra ótica garantirão à Ucrânia vantagens significativas no campo de batalha, numa guerra onde a tecnologia é, cada vez mais, o fator determinante.