Com a época dos vírus respiratórios a aproximar-se… Saiba quem precisa de tomar as vacinas da Gripe e da Covid-19 (e como agendar)

Arranca a 20 de setembro a campanha de vacinação contra a gripe e a covid-19 do próximo outono e inverno. De acordo com a portaria em vigor a partir de 5 de setembro, este ano, a vacinação começará mais cedo, para garantir que o máximo número de pessoas elegíveis estão vacinadas até ao final de novembro. Isto visa potenciar a proteção durante os meses de maior risco e em que há maior circulação de vírus respiratórios.

Este ano, assinala a Deco/PROTESTE, a vacinação contra a gripe das pessoas com 85 anos ou mais e os residentes em estruturas residenciais para idosos e similares e na rede nacional de cuidados continuados integrados (RNCCI) será feita com uma vacina de dose elevada. A vacina contra a gripe de dose elevada é uma vacina com uma concentração de antigénios superior à vacina comum.

O reforço da campanha de vacinação sazonal contra a gripe e a covid-19 faz parte do Plano de Emergência e Transformação da Saúde, apresentado pelo Governo em maio de 2024. A portaria agora publicada sublinha a importância da vacinação contra a gripe e a covid-19 para “prevenir a transmissão de doençasreduzir a morbilidade e a mortalidade entre grupos de risco e ajudar o sistema de saúde a enfrentar as pressões do inverno, diminuindo a procura por cuidados médicos e a probabilidade de hospitalização”.

Embora a covid-19 tenha deixado de ser considerada uma emergência internacional de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Comissão Europeia continua a assegurar que o acesso a esta vacina ocorre em simultâneo em todos os Estados-Membros. Adicionalmente, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla inglesa) mantém a indicação para a vacinação sazonal contra a covid-19, com vacinas adaptadas às estirpes do vírus SARS-CoV-2 em circulação.

À semelhança do ano passado, as vacinas contra a gripe e a covid-19 voltam a poder ser administradas em farmácias, além das unidades de saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Saiba como irá decorrer a campanha de vacinação, quem são as pessoas elegíveis para receber a vacina gratuitamente e como fazer o agendamento.

Como é feito o agendamento da vacinação da gripe e da covid-19?

A vacinação contra a gripe e a covid-19 é recomendada e gratuita para os seguintes grupos elegíveis:

  • pessoas com 60 ou mais anos (incluindo idosos com idade igual ou superior a 85 anos);
  • profissionais e residentes em estruturas residenciais para idosos (ERPI), estruturas similares e na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI);
  • pessoas com patologias de risco;
  • grávidas;
  • profissionais de saúde (públicos e privados) e outros prestadores de cuidados de saúde;
  • estudantes em estágio clínico;
  • bombeiros envolvidos no transporte de doentes;
  • cuidadores de pessoas dependentes;
  • profissionais da distribuição farmacêutica;
  • pessoas em situação de sem-abrigo e de estabelecimentos prisionais.

Qualquer pessoa pertencente a um grupo elegível pode dirigir-se a uma unidade de saúde do SNS, que procederá à organização da vacinação, incluindo o agendamento e a convocatória, quando necessário.

As pessoas com idades entre os 60 e os 84 anos e os profissionais de saúde das farmácias podem ser vacinados nas farmácias comunitárias. O agendamento pode ser feito diretamente na farmácia, por telefone ou na plataforma de agendamento (ainda com poucas farmácias disponíveis).

A vacina da gripe e da covid-19 são compatíveis?

Na campanha de vacinação de 2024/2025 é recomendada a administração simultânea da vacina contra a gripe e contra a covid-19, sempre que possível. Esta prática é considerada segura e efetiva.

vacina da gripe e a vacina contra a covid-19 podem ser administradas no mesmo dia, desde que sejam inoculadas em locais anatómicos diferentes (por exemplo, uma no braço direito e outra no braço esquerdo), salvo casos excecionais.

Por outro lado, nenhuma vacina deve ser adiada apenas com o intuito de serem coadministradas, ou seja, se houver dois agendamentos da vacina da gripe e da covid-19 para dias diferentes, nenhum deve ser adiado para serem administradas juntas.

O utente deve ser informado relativamente a possíveis reações adversas. Pode inclusivamente ser aconselhada a toma de paracetamol (dada a possibilidade de existirem mais reações adversas com a administração conjunta da vacina da gripe e da covid-19. Caso assim o pretenda, o utente pode ainda optar por uma administração em dias diferentes (com qualquer intervalo).

Não há contraindicações da toma simultânea da vacina contra a gripe com as vacinas do programa nacional de vacinação. Já em relação à vacina da covid-19, regra geral, não está recomendada a sua administração simultânea com outras vacinas (à exceção da vacina contra a gripe). Deve ser respeitado um intervalo de 14 dias entre a administração da vacina da covid-19 e a de outras vacinas.

Vacina da gripe gratuita: quem tem direito?

A vacinação contra a gripe é gratuita para os seguintes grupos:

  • pessoas com idade igual ou superior a 60 anos;
  • grávidas;
  • residentes em instituições como estruturas residenciais para pessoas idosas, lares de apoio, lares residenciais e centros de acolhimento temporário;
  • utentes de serviço de apoio domiciliário;
  • doentes na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados;
  • pessoas apoiadas no domicílio pelos srviços de apoio domiciliário, com acordo de cooperação com a Segurança Social ou Misericórdias Portuguesas;
  • doentes apoiados no domicílio pelas equipas de enfermagem das unidades funcionais prestadoras de cuidados de saúde ou com apoio domiciliário dos hospitais do SNS;
  • doentes internados em unidades de saúde do Serviço Nacional de Saúde, que apresentem patologias crónicas e condições para as quais se recomenda a vacina;
  • reclusos nos estabelecimentos prisionais;
  • pessoas, com mais de seis meses de idade e com determinadas patologias crónicas condições como doença cardiovascular, insuficiência renal, doença pulmonar crónica, doença neuromuscular com comprometimento da função respiratória, da eliminação de secreções ou com risco aumentado de aspiração de secreções, diabetes, trissomia 21, pessoas submetidas a transplante de células precursoras hematopoiéticas ou de órgãos sólidos, pessoas a aguardar transplante de células precursoras hematopoiéticas ou de órgãos sólidos e pessoas com imunodepressão;
  • profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), incluindo estudantes em estágios clínicos;
  • profissionais que trabalhem em estabelecimentos como estruturas residenciais para pessoas idosaslares de apoio e residenciais e centros de acolhimento temporário, etc.;
  • bombeiros com contacto direto com as pessoas consideradas com alto risco de desenvolver complicações pós-infeção gripal;
  • profissionais dos estabelecimentos prisionais;
  • profissionais de distribuição farmacêutica.

As pessoas com idade igual ou superior a 85 anos e os residentes em estruturas residenciais para idosos e similares e na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) vão receber, também gratuitamente, a vacina contra a gripe de dose elevada.

Quem mais se deve vacinar contra a gripe?

Independentemente da gratuitidade, a Direção-Geral da Saúde (DGS) recomenda a vacina a:

  • pessoas consideradas com alto risco de desenvolver complicações pós-infeção gripal (como pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, particularmente se residentes em lares ou outras instituições similares, grávidas, etc.);
  • coabitantes prestadores de cuidados de pessoas de alto risco que não possam ser vacinadas;
  • coabitantes e prestadores de cuidados a crianças com idade inferior a seis meses (não podem ser vacinadas) e que tenham risco elevado de desenvolver complicações;
  • profissionais dos serviços de saúde (públicos e privados) e de outros serviços prestadores de cuidados;
  • bombeiros com contacto direto com as pessoas consideradas com alto risco de desenvolver complicações pós-infeção gripal;
  • pessoal de infantárioscreches equiparados;
  • profissionais dos estabelecimentos prisionais.

Por que razão é preciso repetir a vacinação contra a gripe todos os anos?

A vacina da gripe é constituída por vírus inativos que provocam a produção de anticorpos, uma reação normal do sistema imunitário de pessoas saudáveis, para tentar eliminar um “invasor” causador de doença. Em caso de ataque posterior por germes patogénicos ativos, as nossas defesas reconhecem o “inimigo” e neutralizam-no.

Para se proteger da gripe, deve vacinar-se todos os anos, pois o vírus muda com facilidade de um ano para o outro. A vacinação anterior não garante defesas, sobretudo se sofrer o ataque de uma nova estirpe do vírus. Da mesma forma, se teve gripe no ano passado, não está imune a uma nova gripe. Por isso, a composição da vacina contra a gripe é revista anualmente.

A Organização Mundial da Saúde monitoriza uma rede de vigilância mundial, que segue a atividade gripal e observa a evolução dos vírus. Com base nas conclusões, define a composição anual da vacina.

Estas vacinas são seguras e eficazes. Como qualquer outro fármaco, podem produzir reações adversas, mas são localizadas e transitórias: dor, vermelhidão e ligeiro inchaço no local da picada são as principais. Também podem causar dores de cabeça e febre. Estes problemas desaparecem passado pouco tempo.

Qual o preço das vacinas contra a gripe?

Estarão disponíveis vacinas contra a gripe tetravalentes inativadas:

  • Influvac Tetra;
  • Fluarix Tetra;
  • Vaxigrip Tetra;
  • Efluelda, a vacina de dose elevada.

Para as pessoas não abrangidas pela vacinação gratuita, a vacina contra a gripe é dispensada nas farmácias comunitárias através de prescrição médica e mediante stock disponível. As vacinas Influvac Tetra e Vaxigrip Tetra têm o mesmo preço. Custam 8,88 euros, para utentes do regime geral (37% de comparticipação), ou 6,77 euros, no caso do regime especial para pensionistas.

Imunidade contra a gripe

Pode contrair gripe por vírus de estirpes menos comuns, não previstas na vacina do ano. As doenças provocadas por outros vírus que não o da gripe também podem manifestar-se por sintomas semelhantes aos da gripe.

Mesmo contra a gripe, a vacina não oferece uma garantia absoluta. É possível que a composição seja inadequada se surgir uma estirpe diferente do previsto. A vacinação pode fornecer uma boa proteção num ano, mas ser menos eficaz no ano seguinte.

Para a vacina ser eficaz, o sistema imunitário tem de responder corretamente e o organismo deve produzir anticorpos suficientes, o que pode ser difícil no caso dos idosos. Embora a vacinação seja claramente recomendada para aquele grupo, a vacina pode ser menos eficaz, sobretudo se o seu estado de saúde já estiver debilitado.

Mais do que prevenir a gripe, a vacina para os grupos de risco pretende evitar complicações potencialmente fatais.

Medidas de prevenção da gripe

A par da toma da vacina contra a gripe, a Direção-Geral da Saúde recomenda algumas medidas simples para prevenir o contágio:

  • manter o conforto térmico, ou seja, agasalhar-se de acordo com a temperatura ambiente;
  • assegurar a higiene das mãos;
  • seguir uma alimentação saudável;
  • manter algum distanciamento social e seguir as regras da etiqueta respiratória (como, por exemplo, não respirar para cima dos outros, manter a distância da sua respiração e tapar a boca quando espirra).

Vacinação sazonal da covid-19

A estratégia de vacinação contra a covid-19 para este outono e inverno recomenda a administração de uma dose de reforço sazonal com o objetivo de maximizar a proteção das populações mais vulneráveis, prevenir a doença grave, a hospitalização e a morte por covid-19.

Confira a lista de grupos elegíveis para a dose de reforço sazonal da vacina de covid-19:

  • pessoas com idade igual ou superior a 60 anos;
  • pessoas com 5 a 59 anos com patologias de risco;
  • pessoas com 6 meses a 4 anos de idade com condições de imunossupressão grave e moderada;
  • grávidas;
  • profissionais e utentes/residentes em estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI), ou seja, lares e instituições similares, na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) e em estabelecimentos prisionais;
  • profissionais dos serviços de saúde (públicos e privados) e de outros serviços prestadores de cuidados de saúde, estudantes em estágio clínico, bombeiros envolvidos no transporte de doentes, prestadores de cuidados a pessoas dependentes e profissionais de distribuição farmacêutica.

Patologias de risco consideradas

  • Dos 6 meses aos 17 anos: neoplasia maligna ativa, transplantação, imunossupressão, infeção por VIH, doenças neurológicas, perturbações do desenvolvimento, diabetes, obesidade, doença cardiovascular, insuficiência renal crónica e doença pulmonar crónica.
  • A partir dos 18 anos (inclusive): neoplasia maligna ativa, transplantação, imunossupressão, infeção por VIH, doenças neurológicas, doenças mentais, doença hepática crónica, diabetes, obesidade, baixo peso, doença cardiovascular, doença renal crónica, doença pulmonar crónica e outras doenças, como trissomia 21 e doenças lisossomais.

Para além destas patologias, em situações excecionais e fundamentadas, o médico de família pode referenciar uma pessoa para vacinação prioritária, com base numa avaliação de benefício-risco.

Vacinas administradas

Na campanha de vacinação contra a covid-19 do Outono-Inverno 2024-2025 está recomendada uma dose de reforço sazonal com vacinas de mRNA (Comirnaty, da BioNTech/Pfizer). A vacina de base proteica Bimervax é recomendada apenas em situações de reação de hipersensibilidade à substância ativa ou aos excipientes de uma vacina mRNA ou se existir outro motivo impeditivo da utilização da vacina Comirnaty. Pode ser administrada mediante a apresentação de declaração médica que fundamente a razão clínica e/ou científica para a sua utilização.

As pessoas pertencentes aos grupos elegíveis devem ser vacinadas desde que tenham concluído o esquema vacinal primário com qualquer uma das vacinas contra a covid-19 e independentemente do número de reforços realizados anteriormente ou de história prévia de infeção por SARS-CoV-2.

intervalo recomendado entre a dose de reforço sazonal e o evento mais recente (última dose de vacina contra a covid-19 ou diagnóstico de infeção por SARS-CoV-2) é, no mínimo, de seis meses para pessoas com idades entre os 6 meses e os 11 anos e de quatro meses a um máximo de seis meses para idades iguais ou superiores a 12 anos.

É importante ressalvar que a vacinação contra a covid-19 é voluntária (qualquer utente pode propor-se para vacinação numa unidade de saúde). Entende-se que as pessoas com idade igual ou superior a 16 anos que se apresentem para ser vacinadas dão o seu consentimento informado, livre e esclarecido. Em pessoas com menos de 16 anos, as vacinas podem ser administradas, desde que esteja presente o progenitor ou o tutor legal do menor. No caso dos adultos com incapacidade para consentir, deve obter-se autorização do respetivo representante legal.

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