CBS cancela “The Late Show” de Stephen Colbert dias após críticas a Trump

CBS garantiu que o cancelamento do programa foi “puramente uma decisão financeira” não relacionada com o seu desempenho ou conteúdo

Francisco Laranjeira
Julho 18, 2025
11:32

O comediante e comentador político Stephen Colbert anunciou na noite desta quinta-feira no ar que a CBS vai cancelar o seu “The Late Show” a partir de maio de 2026.

Em comunicado, a CBS garantiu que o cancelamento do programa foi “puramente uma decisão financeira” não relacionada com o seu desempenho ou conteúdo: no entanto, o anúncio foi feito na sequência das críticas de Colbert ao acordo entre o presidente Donald Trump e a Paramount Global, empresa que detém a CBS.

Recorde-se que a Paramount concordou em pagar 16 milhões de dólares ao presidente americano para encerrar um processo judicial sobre edições a uma entrevista, feita em outubro de 2024, realizada no programa “60 Minutes”, da CBS, com a candidata presidencial democrata, Kamala Harris. Colbert, que fazia críticas frequentes a Trump no seu programa, considerou o acordo como “um grande suborno” no programa da passada segunda-feira.

Grupos de liberdade de imprensa e ativistas têm sublinhado que o processo de Trump – que acusou a CBS de editar a entrevista para retratar Harris de forma mais favorável – era “frívolo” e que o acordo vai fortalecer ainda mais os ataques do presidente americano aos media.

Alguns políticos democratas acusaram a Paramount de fazer um acordo com a Administração Trump para conseguir que a aprovação da fusão multibilionária da empresa com a Skydance Media.

Esta quinta-feira, Stephen Colbert anunciou que o “The Late Show” terminaria, já que não será substituído. Isso tudo vai acabar” — enquanto a plateia respondeu com vaias. “The Late Show” foi ao ar pela primeira vez em 1993, e Colbert assumiu como apresentador em 2015.

‘Wall Street Journal’ também na mira da Casa Branca

O presidente dos Estados Unidos anunciou que vai processar o jornal Wall Street Journal pela publicação de uma alegada carta que Donald Trump enviou a Jeffrey Epstein, magnata acusado de pedofilia que morreu na prisão.

Na rede social que detém, a Truth Social, Trump prometeu levar também a tribunal a News Corp — o conglomerado que detém o jornal — e o proprietário do grupo, Rupert Murdoch.

“A imprensa precisa de aprender a ser honesta e a não confiar em fontes que provavelmente nem sequer existem”, escreveu o líder republicano, na quinta-feira.

Trump afirmou que a alegada carta é falsa, recordou que já levou a tribunal as emissoras norte-americanas ABC e CBS, e garantiu que irá também “processar e responsabilizar o outrora grandioso Wall Street Journal” (WSJ).

O WSJ “tornou-se um jornal imundo e sujo” e que “escrever mentiras como esta demonstra o seu desespero para se manter relevante”, acrescentou o chefe de Estado.

A mensagem de Trump referia-se a um artigo publicado pelo jornal, que revela o conteúdo obsceno de uma carta alegadamente enviada pelo agora Presidente a Jeffrey Epstein.

De acordo com o WSJ, a ex-assistente de Epstein, Ghislaine Maxwell — que cumpre uma pena de 20 anos de prisão por ser cúmplice do magnata — recolheu cartas de Trump e de outros associados de Epstein para incluir num álbum de 2003 como presente de aniversário para o falecido.

Uma carta assinada por Trump e revista pelo jornal contém várias linhas de texto datilografado, contidas dentro do contorno de uma mulher nua, desenhada alegadamente pelo atual presidente com um marcador.

O veículo sublinha que a assinatura do republicano surge rabiscada abaixo da cintura da mulher, “imitando pelos púbicos”.

A carta conclui ainda com uma citação de Trump: “Feliz aniversário e que cada dia seja mais um segredo maravilhoso”.

O WSJ afirma que, numa entrevista ao Presidente na terça-feira, este negou ser o autor da carta e ameaçou processar o jornal caso publicasse o artigo.

Antes da publicação, a Casa Branca tinha insistido que Trump tem sido transparente na condução do caso Jeffrey Epstein, numa altura em que aumentavam as críticas da base de apoio do republicano.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, destacou em conferência de imprensa que a procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, e o diretor e vice-diretor do FBI (polícia federal), Kash Patel e Dan Bongino, respetivamente, “passaram muitos meses a rever todos os ficheiros relacionados com Jeffrey Epstein e chegaram a conclusões com base no que encontraram no memorando que elaboraram e publicaram”.

Leavitt referia-se às conclusões apresentadas pelo FBI e pelo Departamento de Justiça na semana passada, que são consistentes com as informações publicadas em fevereiro.

As autoridades concluíram que Epstein não tinha uma lista de clientes e que se suicidou na prisão federal onde estava detido em agosto de 2019.

A decisão causou descontentamento entre os seguidores do movimento MAGA [“Make America Great Again”, “Engrandecer de Novo a América”, o principal ‘slogan’ de Trump], que constituem a base de apoio do republicano e acreditam firmemente numa teoria da conspiração que o próprio nova-iorquino ajudou a disseminar após perder as eleições de 2020.

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