Bruxelas já tem resposta económica para os EUA e China. E não implicará dinheiro comum

A Comissão Europeia revelou esta quarta-feira o seu programa económico para os próximos anos, com o objetivo de recuperar a competitividade da Europa face aos EUA e à China. O foco principal é impulsionar a produtividade das empresas europeias e reduzir a carga administrativa para as companhias, sem comprometer a ambição ambiental.

O plano foi apresentado pela presidente Ursula von der Leyen e pelo vice-presidente Stéphane Séjourné, e tem como base uma série de medidas que procuram simplificar a burocracia, apoiar a inovação e promover a integração financeira no bloco europeu. Contudo, uma questão importante permanece sem resposta: a Comissão ainda não esclareceu se irá aumentar o orçamento comum da União Europeia para financiar essas iniciativas, limitando-se a falar do reforço do Banco Europeu de Investimentos e da criação de um novo “Fundo de Competitividade, revela o ‘El País’.

Von der Leyen sublinhou que a recuperação da competitividade é essencial, destacando que a dependência das importações baratas de China e do gás russo está a chegar ao fim. “Esses tempos acabaram”, afirmou a Presidente da Comissão, apontando a crescente influência da geopolítica nas decisões económicas da União Europeia.

A Comissão Europeia propõe, assim, uma simplificação regulatória para reduzir a carga administrativa das empresas, criando novas categorias de empresas com diferentes requisitos de regulação. Entre as medidas imediatas, destaca-se um pacote de “simplificação” que será lançado em 26 de fevereiro, com o objetivo de facilitar a vida das empresas de médio porte e reduzir o impacto do mecanismo de ajuste de carbono nas pequenas empresas. No entanto, a Comissão optou por não utilizar o termo “desregulação”, para evitar interpretações que possam sugerir uma diminuição dos padrões ambientais.

Em relação ao futuro orçamento da União Europeia, Von der Leyen evitou comprometer-se com novas fontes de financiamento público, especialmente num momento em que as eleições em Alemanha estão previstas para fevereiro. O objetivo para o próximo ciclo orçamental (2028-2034) será mudar a estrutura de financiamento para apoiar projetos conjuntos entre países e investir em bens públicos europeus. Porém, a questão do aumento do orçamento permanece em aberto, com a Comissão a apelar a mais recursos próprios ou maiores contribuições dos Estados membros.

Por fim, a Comissão Europeia aponta que a chave para financiar este plano não será apenas o aumento da despesa pública, mas também o aproveitamento do capital privado em larga escala, especialmente através da melhoria do mercado único financeiro, que está atualmente aquém do necessário para canalizar poupanças para investimentos privados, revela a mesma fonte.