Israel transferiu os ativistas da flotilha intercetada em Gaza para a prisão de Ktzi’ot, uma instalação de alta segurança no deserto do Negev. Esta instalação, notoriamente hostil, servirá como centro de detenção temporário até que sejam deportados os detidos.
A prisão de Ktzi’ot é considerada a maior prisão de Israel, com mais de 400.000 metros quadrados de terreno distribuídos por três complexos e 28 módulos. Situada perto da fronteira com o Egito, o seu perímetro é rodeado por torres de vigia, vedações de arame e unidades caninas.
Os detidos, vindos de vários países – incluindo quatro portugueses -, partiram de Barcelona para entregar ajuda humanitária a Gaza. Depois de detidos por uma unidade do exército israelita, foram levados para o porto de Ashdod e de lá enviados para Ktzi’ot. A organização Adalah informou que receberam assistência jurídica durante todo o processo de deportação.
🚨 Ben Gvir brags: “As I promised… the flotilla activists are now in security prison, treated like saboteurs — the bare minimum of everything.”
This is coming from a man sanctioned and banned by 35 countries — including the UK, Canada, Australia, New Zealand, Norway, Spain, and… pic.twitter.com/mp8MOBQ2hs
— Global Sumud Flotilla Commentary (@Globalsumudf) October 3, 2025
Origem e evolução do centro
Esta prisão foi construída em 1988 após a primeira Intifada e encerrada em 1996, após os Acordos de Oslo. Reabriu em 2002 e passou a ser gerida pelo Serviço Prisional de Israel. Ao longo da sua história, Ktzi’ot albergou tanto presos provisórios como presos em prisão administrativa.
O especialista em direito internacional Omer Shatz, segundo o jornal ‘El Confidencial’, observou que a prisão é amplamente conhecida pelas suas condições adversas. Vários relatórios de direitos humanos descrevem a sobrelotação, a comunicação limitada com os advogados e um regime de segurança rigoroso.
O grupo Adalah manifestou preocupação de que os ativistas possam receber um tratamento mais severo do que em casos anteriores da flotilha. “A nossa principal preocupação neste momento é, obviamente, o seu bem-estar e saúde. E garantir que todos recebem aconselhamento jurídico antes e durante as audiências, no Tribunal de Imigração e enquanto estão na prisão israelita”, declararam.
Já o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, propôs que os ativistas permaneçam em Ktzi’ot por um período de detenção mais longo. As suas declarações intensificaram o debate, uma vez que o líder foi sancionado em vários países europeus por incitar à violência contra a Palestina.
Portugueses estão “bem de saúde, apesar das condições difíceis”
Os quatro portugueses da Flotilha Global Sumud detidos em Israel estão “bem de saúde, apesar das condições difíceis”, mas “queixas várias” motivaram um “protesto imediato” da embaixadora portuguesa em Israel, disse esta sexta-feira fonte oficial.
A embaixadora Helena Paiva, que visitou hoje os portugueses, “pôde confirmar que todos se encontravam bem de saúde apesar das condições difíceis e duras à chegada ao porto de Ashdod e no centro de detenção”, indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), numa nota enviada à Lusa.
“Não foram sujeitos a violência física, não obstante queixas várias – queixas estas que levaram a um protesto imediato por parte da embaixadora de Portugal em Israel”, segundo o Palácio das Necessidades.
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e os ativistas Miguel Duarte e Diogo Chaves estão entre os mais de 450 participantes da missão humanitária detidos pelas forças israelitas, que intercetaram entre quarta e quinta-feira as cerca de 50 embarcações que integravam a flotilha.
Os quatro portugueses, adiantou a mesma nota, aceitaram ser “deportados de forma voluntária e de imediato” e foram informados que as autoridades israelitas os colocarão “nos primeiros voos disponíveis destinados à Europa, a expensas do Governo israelita, podendo sofrer atrasos devido aos feriados israelitas do SUKKOT”.














