O lançamento esteve previsto para domingo passado, mas foi cancelado devido ao mau tempo e a um problema técnico. Para esta quarta-feira, os Estados Unidos esperam concretizar o lançamento de dois satélites que vão estudar a interação entre o vento solar e o campo magnético de Marte, proporcionando informação crucial para futuras viagens tripuladas ao planeta.
A nova janela de oportunidade será hoje entre as 19:50 e as 21:17 (hora em Lisboa), informou a companhia Blue Origin, que opera o foguetão a bordo do qual seguirão os dois satélites, e que descolará de uma base em Cabo Canaveral, na Florida.
A missão, liderada pela Universidade da Califórnia, permitirá obter de Marte uma visão tridimensional, sem precedentes, da magnetosfera (região que envolve um planeta em que o seu campo magnético exerce uma influência dominante) e a ionosfera (camada da atmosfera cujos constituintes estão ionizados).
“Compreender como varia a ionosfera será fundamental para corrigir as distorções nos sinais de rádio que vamos necessitar para comunicar e circular em Marte”, justificou anteriormente o investigador-principal da missão, Robert Lillis.
Segundo Lillis, a missão, com chegada prevista a Marte em 2027, ajudará a prever tempestades solares que podem colocar astronautas em perigo, uma vez que a radiação eletromagnética destas tempestades, causadas pela emissão de partículas subatómicas da superfície do Sol, “poderá prejudicar os astronautas à superfície ou em órbita de Marte”.
Uma nova trajetória interplanetária será testada e poderá transformar as futuras viagens a Marte, tornando-as mais flexíveis e frequentes.
Ambos os satélites vão observar como o vento solar (fluxo contínuo de partículas subatómicas expelidas pelo Sol) afeta a atmosfera superior de Marte, essencial para entender a perda de água e gases que transformaram o clima do planeta há milhares de milhões de anos.
“Sabemos que Marte teve uma atmosfera densa no passado, mas hoje é muito ténue. A atmosfera só pode desaparecer de duas formas: infiltrando-se no subsolo ou escapando para o espaço, e este último processo tem sido um fator-chave na evolução do planeta”, sublinhou a física espacial Shaoxui Xu, subdiretora da missão.
Os cientistas esperam que os dados obtidos sirvam para determinar o que aconteceu à água que outrora corria em Marte e se ainda pode ser encontrada sob a sua superfície.













