Black Friday: Entre descontos, aumentos de preço e a proteção do consumidor

Opinião de Diana Silva Cruz, Associada da Cerejeira, Namora Marinho Falcão

Executive Digest
Novembro 28, 2025
12:15

Por Diana Silva Cruz, Associada da Cerejeira, Namora Marinho Falcão

A Black Friday tornou-se, em poucos anos, um dos momentos mais relevantes do calendário comercial português. Milhares de consumidores aguardam esta data com a expectativa de encontrar verdadeiras oportunidades, enquanto as empresas concentram grande parte das suas estratégias promocionais neste período.

Contudo, juntamente com este fenómeno, multiplicam-se os alertas e denúncias de práticas pouco transparentes, capazes de criar a perceção de descontos que podem não ser tão reais quanto parecem.

Segundo noticiou a CNN Portugal, a Associação Citizen’s Voice irá avançar com uma ação contra a FNAC, acusando a empresa de inflacionar preços antes da Black Friday para, dessa forma, simular reduções significativas de preços. A mesma notícia refere ainda que a empresa estará a anunciar falsos descontos de forma sistemática em diversos produtos.

A legislação é clara: na promoção, o preço que é divulgado como “anterior” deve corresponder ao preço mais baixo praticado nos últimos 30 dias que antecedem o seu início. O objetivo é impedir que o consumidor seja induzido em erro por reduções que, na prática, não representam qualquer vantagem efetiva.

No fundo, o que a lei pretende garantir é que o consumidor tenha acesso a informação verdadeira, clara e objetiva. Às empresas está vedada a criação de perceções artificiais de benefício económico.

A ASAE tem reforçado a fiscalização neste período do ano, procurando prevenir práticas que desvirtuem o espírito da Black Friday. Por outro lado, é também verdade que o consumidor dispõe hoje de mais informação, mais ferramentas e maior capacidade de comparação do que nunca.

Mas, se tudo isto é verdade, também o é que o marketing se tornou mais sofisticado. Muitas empresas recorrem a técnicas que exploram padrões psicológicos, impulsos de compra e mecanismos de urgência artificial, influenciando decisões que nem sempre são totalmente conscientes. A isto soma-se a dimensão das campanhas, o volume de produtos e a rapidez com que os preços são alterados, sobretudo online, fatores que dificultam a eficácia da supervisão.

Neste sentido, as ações populares assumem especial relevância, já que permitem que associações legitimadas atuem diretamente a bem dos direitos dos consumidores e da concorrência.

De facto, as práticas de inflação de preços, para logo em seguida os reduzir, distorcem o comportamento dos consumidores, que acreditam estar a adquirir produtos com vantagens económicas que, por vezes, não existem.

Embora a fiscalização desempenhe um papel essencial, o consumidor continua a ser uma peça-chave na prevenção destas práticas. Consultar históricos de preços, comparar ofertas e analisar cuidadosamente cada promoção são passos essenciais para não cair em armadilhas comerciais.

A verdadeira poupança na Black Friday depende, em última análise, da cautela e da informação de quem compra.

 

 

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