XXXVIII BARÓMETRO EXECUTIVE DIGEST: Carolina Afonso, Gato Preto
A análise de Carolina Afonso, CEO do Gato Preto e Professora ISEG
Competitividade e o paradoxo da tecnologia e cultura de inovação
O 38º Barómetro da Executive Digest revela uma visão predominantemente pessimista sobre o futuro da competitividade europeia, com 57% dos inquiridos pouco otimistas e apenas 3% muito otimistas. Este cenário destaca a urgência de medidas que promovam a resiliência das empresas europeias num ambiente global cada vez mais desafiante.
No entanto, as expectativas de crescimento continuam moderadamente positivas, com 57% dos líderes empresariais a projetar um aumento de receitas entre 2,5% e 10% até ao final do terceiro trimestre. Para enfrentar os desafios que se avizinham, 50% das empresas identificam o investimento em tecnologia e inovação como a principal estratégia para melhorar a competitividade. No entanto, essa prioridade é paradoxal, pois em embora as organizações reconheçam a importância de avançar tecnologicamente, apenas 11% dos inquiridos indicam a promoção de uma cultura de inovação como uma prioridade dentro das suas empresas.
Este desfasamento revela uma desconexão preocupante entre a adoção de novas tecnologias e a transformação profunda das estruturas organizacionais. A inovação vai além da simples implementação de tecnologia; requer uma cultura empresarial aberta à experimentação, à criatividade e à mudança contínua. Sem uma cultura que incentive e valorize o risco calculado e a inovação interna, as empresas podem acabar por adotar tecnologia sem explorar o seu verdadeiro potencial disruptivo. Concluindo, investir em tecnologia sem criar um ambiente propício para a inovação pode limitar os ganhos e tornar a transformação menos eficaz. É necessário que as empresas alinhem estas duas dimensões para garantir competitividade e agilidade a longo prazo.
Testemunho publicado na edição de Outubro (nº. 223) da Executive Digest, no âmbito da XXXVIII edição do seu Barómetro.